​Moçambique: uma tentativa de paz política
25-11-2024 - 07:36

Desde a independência que a vida dos moçambicanos não conhece perspetivas sólidas de melhoria. Talvez a crise que naquele país se instalou, após umas eleições cujos resultados oficiais ninguém aceita, consiga uma mudança de atitude por parte dos políticos moçambicanos.

Na semana passada o Presidente cessante de Moçambique, Filipe Nyusi, fez um apelo aos candidatos presidenciais para que se juntem com o governo numa plataforma de diálogo permanente que “elabore um roteiro sólido para a construção de uma nação mais forte e solidária”. O Presidente Nyusi falava depois de mais de seis semanas de violentos protestos contra os resultados, alegadamente falsos, da eleição presidencial. Nos protestos destacou-se o candidato Venâncio Mondlane.

A polícia moçambicana reprimiu os protestos com violência. Nyusi falou em cerca de vinte mortos, mas os opositores da Frelimo referem mais de meia centena.

A Frelimo comandou a guerra contra o colonizador, Portugal. E quando Moçambique se tornou independente, na sequência do 25 de Abril em Portugal, a Frelimo tornou-se no partido único a governar o país.

Mas a Frelimo não conseguiu evitar a guerra civil contra a Renamo, que durou 17 anos. Depois houve em 1992 um acordo de paz, mas em 2013 regressou a guerra civil. A Frelimo, que há muito deixou de ser partido único, mostra-se incapaz de organizar eleições livres e justas. “A Frelimo ganha sempre”, dizem os opositores.

Apesar de ter abundantes recursos naturais, Moçambique é considerado pela ONU um dos países menos desenvolvidos do mundo. Em 2012 mais de 90% das terras cultiváveis de Moçambique ainda não tinham sido exploradas.

A guerra civil e a instabilidade política têm impedido a economia moçambicana de se desenvolver. Acresce que no Norte do país, em Cabo Delgado, há anos que ataques terroristas fazem frequentes mortos e feridos. As forças armadas moçambicanas têm-se revelado incapazes de dominar os terroristas.

Por outro lado, nos últimos anos vieram a lume escândalos de corrupção política. É, de facto, uma política errada que impede Moçambique de oferecer à sua população melhores condições de vida.

Talvez a crise que naquele país se instalou, após umas eleições cujos resultados oficiais ninguém aceita, consiga uma mudança de atitude por parte dos políticos moçambicanos. Talvez o apelo do Presidente Nyusi seja ouvido.