Papa compara Colégio Cardinalício a orquestra. "Cada um dá o seu contributo"
30-09-2023 - 09:26
 • Aura Miguel

Para definir a Igreja, Francisco falou de uma orquestra onde "cada um dá o seu contributo, ora sozinho, ora combinado com outro, ora com todo o conjunto".

O Colégio Cardinalício deve assemelhar-se a uma orquestra sinfónica, numa diversidade tal que represente também o carácter sinodal da Igreja. Esta foi a mensagem do Papa, na homilia do Consistório que celebrou na Praça de São Pedro este sábado.

Perante os novos cardeais, Francisco falou de sinodalidade: "não só por estarmos nas vésperas da primeira Assembleia do Sínodo que tem precisamente este tema, mas porque me parece que a metáfora da orquestra pode muito bem iluminar o caráter sinodal da Igreja”.

Olhando para a diversidade da Igreja católica que o próprio colégio cardinalício reflete, Francisco explicou que “uma sinfonia vive da sábia composição dos timbres dos diversos instrumentos: cada um dá o seu contributo, ora sozinho, ora combinado com outro, ora com todo o conjunto”. Considerando que “a diversidade é necessária, é indispensável”, sublinhou, no entanto, que cada som deve concorrer para o resultado comum e, para isso, “é fundamental a escuta mútua: cada músico deve ouvir os outros”.

Sempre a partir da metáfora da orquestra, o Papa recordou: “Se alguém ouvisse apenas a si mesmo, por mais sublime que possa ser o seu som, não seria de proveito à sinfonia; e o mesmo aconteceria se uma parte da orquestra não ouvisse as outras, mas tocasse como se estivesse sozinha, como se fosse o todo. E o diretor da orquestra está ao serviço desta espécie de milagre que é sempre a execução duma sinfonia. Ele deve ouvir mais do que todos os outros e, ao mesmo tempo, a sua tarefa é ajudar cada um e a orquestra inteira a desenvolver ao máximo a fidelidade criativa, a fidelidade à obra que se está a executar, mas criativa, capaz de dar uma alma àquela partitura, de fazê-la ressoar duma forma única aqui e agora.”

Antes de chamar cada um dos novos cardeais para lhe entregar o barrete, o anel e a bula, Francisco concluiu que a imagem da orquestra serve, sobretudo, “para aprendermos cada vez melhor a ser Igreja sinfónica e sinodal, na consoladora confiança de que temos como maestro o Espírito Santo”

Após a homilia, cada um dos 20 cardeais (um deles, emérito de Buenos Aires, não veio a Roma por motivos de saúde e idade avançada) aproximou-se do Papa. D. Américo Aguiar foi o décimo sétimo a ser chamado.