A Comissão Europeia admitiu esta quarta-feira que a invasão militar da Ucrânia pela Rússia terá consequências económicas na Europa difíceis de quantificar nesta fase e poderá colocar em questão o anunciado regresso às regras de disciplina orçamental em 2023.
Depois de, ao longo dos últimos meses, o executivo comunitário ter afastado a possibilidade de prolongar além de 2022 a suspensão temporária das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), ativada há dois anos devido à pandemia da Covid-19, hoje, na apresentação das orientações de política orçamental para 2023, Bruxelas admite que, "face à atual incerteza" provocada pela guerra na Ucrânia, será necessário "reavaliar a esperada desativação da cláusula de escape" no próximo ano.
Bruxelas admite que a ofensiva militar lançada na última quinta-feira pelo exército russo irá provavelmente forçar a uma revisão em baixa das previsões económicas, e reserva por isso para meados de maio, por ocasião das projeções da primavera, uma nova avaliação da planeada desativação da cláusula de escape do PEC.
"Há apenas três semanas, quando apresentei as nossas previsões de inverno, uma deterioração da situação geopolítica ainda era considerada apenas um risco negativo. Na quinta-feira passada, tornou-se uma trágica realidade", comentou o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, acrescentando que, "nesta fase, existe demasiada incerteza para se poder quantificar" o seu impacto na retoma económica europeia pós-covid-19.
A Comissão Europeia admite designadamente que a guerra e possíveis retaliações da Rússia às sanções impostas pela UE tenham "um impacto negativo no crescimento, com repercussões nos mercados financeiros, novas pressões sobre os preços da energia, estrangulamentos mais persistentes da cadeia de abastecimento e efeitos na confiança".