Passos Coelho anunciou que já convidou António Costa para uma reunião com vista a chegar a um acordo que garanta "estabilidade para poder governar". "Seria imperdoável" não aprovar o Orçamento do Estado para 2016, disse o primeiro-ministro, durante a cerimónia de assinatura de um acordo de Governo entre o PSD e o CDS-PP.
Tomando a palavra depois de Paulo Portas, Passos Coelho começou por dizer que os dois partidos partilham a interpretação do resultado das eleições, e que “entenderam expressar ao país e ao Presidente da República que “mantêm o seu compromisso para contribuírem para um acordo”, apesar de não terem atingido a maioria absoluta.
Passos já convidou António Costa, líder do Partido Socialista, para uma reunião até final desta semana. “Tive oportunidade de falar hoje com o António Costa para convocá-lo para um encontro. É nossa intenção concretizar esta reunião até ao final desta semana”, disse.
“O país terá um Governo com estabilidade para poder governar. A maioria dos portugueses deseja um acordo entre as forças partidárias”, afirmou Passos, voltando a insistir na meta do défice. “É intenção firmada do Governo até ao final do ano atingir a meta de ficar abaixo dos 3%. Seria imperdoável que Portugal ficasse sem condições para usufruir [dos frutos] depois dos sacrifícios."
Falhar a meta do défice "seria mau para a retoma, para o clima económico”, voltou a garantir Passos Coelho, um dia depois de o Conselho de Finanças Públicas e o Fundo Monetário Internacional terem expressado dúvidas sobre a capacidade de Portugal ter um défice inferior a 3% este ano.
Numa alusão aos partidos mais à esquerda do PS, como o Bloco e a CDU, o líder da coligação reafirmou o “respeito pelas regras da união económica e monetária a que Portugal está sujeito”, dizendo que “faz sentido que se busque, em primeiro lugar, junto do PS, as condições para que Portugal continue a respeitar a união monetária e inerentes à pertença” à UE.
Passos defendeu ainda a necessidade de “assegurar condições de viabilização dos documentos que podem e devem ser apresentados em nome de Portugal”. “Julgo que é fundamental que o país não interrompa o ciclo de recuperação, disciplina e rigor das contas para assegurar um retorno do investimento para mais crescimento e emprego”, insistiu.
O líder social-democrata referiu também que, “uma vez que não se pode repetir a cada meio ano um exercício para saber se estamos em condições, é muito importante que os próximos anos não sejam entregues à confrontação político-partidária", e “não agora entrar em novo período de campanha para umas novas eleições, mas um período de estabilidade para os portugueses”.
Pedindo que se evite a “especulação”, Passos remeteu para depois de dia 14, conhecidos os resultados da emigração e ouvidos os partidos, uma intervenção de Cavaco Silva no sentido de “indigitar um primeiro-ministro, para que o Governo possa tomar posse”.