Passos já convidou Costa para acordo. É "imperdoável" não aprovar Orçamento
07-10-2015 - 11:47

Líder social-democrata revelou ter falado, esta quarta-feira, com António Costa para marcar uma reunião negocial. "A maioria dos portugueses deseja um acordo entre as forças partidárias."

Passos Coelho anunciou que já convidou António Costa para uma reunião com vista a chegar a um acordo que garanta "estabilidade para poder governar". "Seria imperdoável" não aprovar o Orçamento do Estado para 2016, disse o primeiro-ministro, durante a cerimónia de assinatura de um acordo de Governo entre o PSD e o CDS-PP.

Tomando a palavra depois de Paulo Portas, Passos Coelho começou por dizer que os dois partidos partilham a interpretação do resultado das eleições, e que “entenderam expressar ao país e ao Presidente da República que “mantêm o seu compromisso para contribuírem para um acordo”, apesar de não terem atingido a maioria absoluta.

Passos já convidou António Costa, líder do Partido Socialista, para uma reunião até final desta semana. “Tive oportunidade de falar hoje com o António Costa para convocá-lo para um encontro. É nossa intenção concretizar esta reunião até ao final desta semana”, disse.

“O país terá um Governo com estabilidade para poder governar. A maioria dos portugueses deseja um acordo entre as forças partidárias”, afirmou Passos, voltando a insistir na meta do défice. “É intenção firmada do Governo até ao final do ano atingir a meta de ficar abaixo dos 3%. Seria imperdoável que Portugal ficasse sem condições para usufruir [dos frutos] depois dos sacrifícios."

Falhar a meta do défice "seria mau para a retoma, para o clima económico”, voltou a garantir Passos Coelho, um dia depois de o Conselho de Finanças Públicas e o Fundo Monetário Internacional terem expressado dúvidas sobre a capacidade de Portugal ter um défice inferior a 3% este ano.

Numa alusão aos partidos mais à esquerda do PS, como o Bloco e a CDU, o líder da coligação reafirmou o “respeito pelas regras da união económica e monetária a que Portugal está sujeito”, dizendo que “faz sentido que se busque, em primeiro lugar, junto do PS, as condições para que Portugal continue a respeitar a união monetária e inerentes à pertença” à UE.

Passos defendeu ainda a necessidade de “assegurar condições de viabilização dos documentos que podem e devem ser apresentados em nome de Portugal”. “Julgo que é fundamental que o país não interrompa o ciclo de recuperação, disciplina e rigor das contas para assegurar um retorno do investimento para mais crescimento e emprego”, insistiu.

O líder social-democrata referiu também que, “uma vez que não se pode repetir a cada meio ano um exercício para saber se estamos em condições, é muito importante que os próximos anos não sejam entregues à confrontação político-partidária", e “não agora entrar em novo período de campanha para umas novas eleições, mas um período de estabilidade para os portugueses”.

Pedindo que se evite a “especulação”, Passos remeteu para depois de dia 14, conhecidos os resultados da emigração e ouvidos os partidos, uma intervenção de Cavaco Silva no sentido de “indigitar um primeiro-ministro, para que o Governo possa tomar posse”.