Quatro em cada dez alunos com necessidades especiais não têm apoio direto do professor especializado, segundo um inquérito sobre a educação inclusiva, que revela que a principal queixa das escolas é a falta de recursos humanos.
A conclusão, divulgada esta sexta-feira, é de um inquérito feito pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que envolveu 80 agrupamentos de escolas, cerca de 10% do total dos estabelecimentos de ensino.
Entre os mais de 89 mil alunos das escolas inquiridas, 5.544 beneficiam de medidas seletivas ou adicionais e a maioria (81,7%) passa mais de 60% do tempo letivo em sala de aula. O problema é que muitos não têm apoio especializado.
De acordo com os resultados do inquérito, 40% dos alunos com necessidades especiais não têm qualquer apoio direto do docente de educação especial, que apenas aconselha o professor da turma.
"Muitas vezes (o docente de educação especial) não conhece o aluno em causa", relata a Fenprof, sublinhando que "este não é um apoio que respeite a individualidade e as características específicas de cada aluno".
Noutros casos, os alunos são apoiados por um segundo professor em coadjuvação com o titular de turma ou até por assistentes operacionais que, segundo a estrutura sindical, não têm formação adequada para esse efeito, "ainda que alguns já tenham adquirido alguma experiência".
A falta de profissionais especializados para a educação inclusiva é o principal problema que, segundo os resultados do inquérito, as escolas apontam no balanço que fazem dos quatro anos desde a implementação do regime.
Os diretores referem ainda falta de terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais e psicólogos clínicos, além dos psicólogos educacionais que também são insuficientes, e alguns apontam também a necessidade de enfermeiros devido às necessidades especiais de saúde de alguns alunos.