Francisco fala de uma Quaresma que liberta o homem
06-03-2019 - 16:10
 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez

Na homilia da missa de Quarta-feira de Cinzas, o Papa Francisco exortou os fiéis a fixar o seu coração ao que não passa, como o corpo de Cristo, que não se torna cinza mas ressuscita gloriosa.

O Papa Francisco apresentou esta quarta-feira a Quaresma como um mapa de libertação do homem.

Na homilia da missa de Quarta-feira de Cinzas o Papa explicou o sentido das cinzas com que os fiéis são marcados durante esta liturgia.

“Os grãos de cinza que receberemos pretendem dizer-nos, com delicadeza e verdade: de tantas coisas que trazes na cabeça, atrás das quais corres e te afadigas diariamente, nada restará.”

“Por mais que te afadigues, não levarás contigo qualquer riqueza da vida. As realidades terrenas dissipam-se como poeira ao vento. Os bens são provisórios, o poder passa, o sucesso declina. A cultura da aparência, hoje dominante e que induz a viver para as coisas que passam, é um grande engano. Pois é como uma fogueira: uma vez apagada, ficam apenas cinzas”, disse Francisco.

O Papa explicou ainda que o coração do homem sente a necessidade de se apegar a algo, “quando se apega só às coisas terrenas, mais cedo ou mais tarde torna-se escravo delas: as coisas de que nos servimos passam a coisas às quais servimos. O aspeto exterior, o dinheiro, a carreira, os passatempos: se vivermos para eles, tornar-se-ão ídolos que nos usam, sereias que nos encantam e, em seguida, nos deixam à deriva.”

“Ao contrário, se o coração se apega ao que não passa, encontramo-nos a nós mesmos e tornamo-nos livres.”

É seguindo o exemplo de Jesus que o coração se liberta. “Da cruz, Jesus ensina-nos a coragem esforçada da renúncia. Pois, carregados com pesos embaraçantes, nunca iremos para diante. Precisamos de nos libertar dos tentáculos do consumismo e dos laços do egoísmo, de querer sempre mais, de não nos contentarmos jamais, do coração fechado às necessidades do pobre.”

“É difícil viver como Ele pede? Sim, mas conduz à meta. No-lo mostra a Quaresma. Esta começa com as cinzas, mas leva-nos no final ao fogo da noite da Vigília Pascal, a descobrir que, no sepulcro, a carne de Jesus não se torna cinza, mas ressuscita gloriosa”, concluiu Francisco.