O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, rejeitou na noite de segunda-feira que a proposta do PS para fazer regressar professores aposentados ao ensino, apontado que "não é solução" para o problema da falta de docentes nas escolas.
"Os professores hoje aposentam-se com 66 anos, quase 67. A maior parte dos professores conta os dias que faltam para a aposentação e, portanto, é muito pouco provável que consiga resolver o problema da falta de professores dessa forma, pode haver um caso ou outro de um colega que queira voltar, mas os professores hoje contam os dias para saírem para a apresentação", assegurou o dirigente sindical em declarações aos jornalistas, à margem do comício da CDU realizado na Oficina Municipal do Teatro, em Coimbra.
"No ano passado tivemos mil e poucos jovens a chegar ao ensino e tivemos 3.521 professores a aposentarem-se. Só no primeiro trimestre deste ano batemos o recorde do milénio, que era de 2013, e até ao fim de março teremos 1.048 professores a aposentarem-se. É pouco provável que queiram voltar. Essa não é uma solução, a solução é outra: valorizar a profissão de professor", disse, em resposta à ideia avançada esta noite pelo líder socialista, Pedro Nuno Santos.
O dirigente sindical da Federação Nacional de Professores (Fenprof) alertou para um novo aumento do número de alunos sem os professores todos, ao notar que são já "mais de 42 mil", e lembrou a questão do envelhecimento dos profissionais nas escolas, admitindo que muitos até "contam os dias que faltam para a aposentação".
"Um dos graves problemas da nossa profissão é o envelhecimento dos que estão no ativo. Portanto, dar resposta a um problema desses contratando ou chamando os aposentados, convenhamos que não resolve. O que o próximo governo terá de fazer - e é o seu desafio - é atrair em primeiro lugar os 20 mil professores jovens que abandonaram a profissão e que são profissionalizados. E isso só se consegue valorizando a profissão", insistiu.
Mário Nogueira considerou também que "o problema" relativamente à proposta adiantada pelo secretário-geral do PS "não é de legalidade ou ilegalidade", mas, sim, se responde à falta de professores. "O problema do envelhecimento da profissão resolve-se chamando jovens e não quem se aposentou", assegurou, apelando também à captação de jovens no secundário para enveredarem pela carreira de professor.
O secretário-geral do PS afirmou esta segunda-feira que quer incentivar os professores aposentados a darem aulas para responder às necessidades atuais da escola pública, à semelhança do que já propõe para os médicos.
"Enquanto nós não conseguirmos ter os professores que nós precisamos, nós vamos incentivar que quem já se aposentou possa ainda dar aulas para tentarmos dar resposta às necessidades que a nossa escola tem hoje em matéria de professores", anunciou Pedro Nuno Santos, num comício efetuado em Coimbra.