Uma cientista da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que o aumento dos casos de Covid-19 na China lança dúvidas sobre o fim da emergência mundial.
"A questão é se se pode chamar pós-pandemia quando uma parte tão significativa do mundo está a entrar na segunda vaga", disse a virologista holandesa Marion Koopmans, membro de um comité da OMS responsável por prestar consultoria sobre o estado de emergência do coronavírus, citada pelo jornal britânico The Guardian.
"É evidente que estamos numa fase muito diferente [da pandemia], mas na minha opinião, esta vaga na China é uma caixa de surpresas", acrescentou.
Pequim impôs desde o início da pandemia uma política de prevenção bastante rígida, conseguindo manter baixos os números de infeções e mortes em comparação com outros países. No entanto, o relaxamento das regras, nas últimas semanas, veio alterar a situação, com as taxas de infeção a atingirem níveis elevados.
Vários governos regionais na China encorajaram esta terça-feira as pessoas com casos ligeiros de Covid-19 a deslocarem-se para os locais de trabalho, numa mudança radical em relação à política de “zero casos” seguida até recentemente.
As novas medidas refletem também a dificuldade em reanimar uma economia que foi estrangulada por restrições pandémicas e que, agora que foram levantadas, está a ser abrandada por trabalhadores que adoecem.
As autoridades sanitárias anunciaram neste dia a morte de cinco pessoas nas últimas 24 horas, alimentando a preocupação de que o número de mortos poderá aumentar acentuadamente após ter sido decidido levantar a maioria das restrições da política “Covid zero”.
Os números oficiais poderão não corresponder à realidade, até porque vários crematórios contactados hoje pela agência francesa AFP disseram que se registou um número acentuado de mortes no país.
A China sempre defendeu que a sua política restritiva de “Covid zero”, com confinamentos em massa, quarentenas e testes obrigatórios, permitiu manter um número relativamente baixo de casos e mortes.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a China comunicou mais de 10 milhões de casos de infeção e 31.309 mortes entre 02 de janeiro de 2020 e 19 de dezembro (segunda-feira).