O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) lamenta que dois anos de pandemia não tenham sido suficientes para melhorar o planeamento no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Esta terça-feira, o SEP enviou um ofício ao Ministério da Saúde reclamando o reforço das respostas de saúde nos Cuidados de Saúde Primários, a contratação de mais enfermeiros, a restituição da autonomia às instituições para poderem contratar e a abertura de mais centros de vacinação.
Em declarações à Renascença, a sindicalista Guadalupe Simões acusa a tutela de não ter atendido aos alertas dos enfermeiros para o agravamento da situação de saúde dos portugueses com a chegada do Inverno, não apenas pela Covid-19, mas também pela gripe.
“Ao arrepio dos alertas, não contratou profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros e desativou centros de vacinação. Agora temos que andar a correr atrás do prejuízo para garantir os serviços aos portugueses, seja na vacinação da gripe e da Covid, seja na retoma da atividade assistencial, que apesar de tudo, tem vindo a ser feita”.
Para a dirigente do SEP, “ao fim de dois anos de pandemia, falta aprendizagem e planificação”.
Guadalupe Simões frisa que o Governo está em funções até à eleição e tomada de posse do novo executivo que sair das legislativas antecipadas de 30 de janeiro. “E como a saúde das pessoas é uma prioridade, a questão da contratação de pessoal nem sequer se coloca”.
O Sindicato dos Enfermeiros exige, por isso, que seja devolvida autonomia às instituições de saúde - que ainda têm orçamento até ao fim do ano – para poderem contratar profissionais, especialmente enfermeiros, para os hospitais, centros de saúde e ARS.
Apesar de Portugal ter agora menos enfermeiros do que há alguns anos, a dirigente do SEP considera que serão suficientes para ser contratados, “desde que o trabalho seja valorizado”.
Segundo as estimativas oficiais, ainda será necessário administrar à população portuguesa mais de um milhão de doses de vacina contra a gripe e 3,4 milhões contra a Covid-19.
O sindicato exige a abertura de mais centros de vacinação para acelerar o processo, mas Guadalupe Simões critica o anúncio de abertura de grandes centros (como fez Carlos Moedas, para Lisboa) de forma “quase leviana”, sem saber que meios humanos existem disponíveis.
Numa ação inédita, todos os sindicatos de enfermeiros se uniram para convocar uma greve para 4 de novembro que não chegou a realizar-se porque, entretanto, o Parlamento chumbou o Orçamento de Estado e o Presidente da República convocou eleições antecipadas.
Mas Guadalupe Simões garante que a luta será retomada assim que houver novo governo e condições para a reabertura do processo negocial com o Ministério da Saúde.