O "melão" da habitação continua a ser o prato forte dos discursos políticos em Portugal. No encerramento das jornadas parlamentares do PS, em Tomar, o primeiro-ministro foi encerrar os trabalhos e aproveitou para destacar o facto de ter conseguido trazer o tema da habitação para o centro do debate.
Ainda que reconheça que o debate "tem sido bastante animado" em torno do pacote "Mais Habitação", António Costa acredita que só o facto de existir debate é já motivo suficiente para festejar.
"O que era absolutamente indispensável, era que não continuássemos a deixar de colocar no centro do debate político aquilo que é um problema central para a vida dos portugueses. Por isso, a primeira vitória que conseguimos é ter dado centralidade ao debate político sobre o tema da habitação", defende o secretário-geral do Partido Socialista.
Lembrando que o pacote, cujas linhas gerais foram apresentadas em fevereiro, vai ser aprovado esta semana em Conselho de Ministros, o primeiro-ministro admite que "obviamente há interesses contraditórios" nesta matéria, e que "nem sempre é fácil" conciliá-los.
Feita a assunção, o secretário-geral do PS, que discursou cerca de 45 minutos perante os 120 deputados socialistas que dão apoio ao seu Governo no Parlamento, coloca a bola precisamente na Assembleia da República, para onde promete enviar o plano "com o maior espírito de abertura".
É no hemiciclo que o pacote da habitação vai ser moldado, com a promessa do primeiro-ministro que as propostas da oposição vão ser tidas em conta. O "diálogo" da maioria absoluta foi também uma tecla onde carregou várias vezes durante o discurso.
Na véspera do dia em que se assinala um ano que a Assembleia da República tomou posse, Costa faz um balanço "dialogante" e coloca a responsabilidade de não ter havido mais consensos nos partidos da oposição.
"Não temos sido só uma maioria de diálogo com os municípios ou com os parceiros sociais. Temos também sido uma maioria de diálogo com os partidos da oposição, que só não temos tido mais sucesso sempre que eles não querem. E é pena que eles não queiram mais vezes", dispara Costa.