O Centro Hospitalar Lisboa Central está sob forte pressão por causa do encerramento das urgências. Tem nesta altura 70 doentes à espera de uma cama para internamento no Hospital de São José, a maioria dos quais há mais de 24 horas.
É uma situação preocupante, disse à Renascença a diretora do Centro Hospitalar Lisboa Central, Maria José Costa Dias.
“O problema neste momento nem é tanto a afluência à nossa urgência polivalente, mas o número de doentes que estão à espera de uma cama de internamento. Iniciamos o nosso dia com cerca de 70 doentes à espera, sendo que 50 estavam à espera de uma cama há mais de 24 horas”, afirma a responsável.
Maria José Costa Dias sublinha que estão em causa doentes idosos e complexos.
“A maior parte dos doentes são de faixas etárias elevadas, com uma média de 80 ou mais anos, e com várias comorbilidades associadas. São doentes complexos que nos estão a chegar ao hospital em virtude de várias urgências à nossa volta terem encerrado”, sublinha.
Ouvida pela Renascença, Maria José Costa Dias adianta que todas as unidades do Centro Hospitalar Lisboa Central estão muito pressionadas. Na Estefânia há dias em que são vistas 300 crianças e a Maternidade Alfredo da Costa está a dar resposta a mais 30% de grávidas.
De acordo com dados apurados pela Renascença, as urgências dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tiveram, em média, menos 1.800 atendimentos por dia nos meses de outubro e novembro do que no período homólogo de 2022.
Nos dois primeiros meses completos das escusas dos médicos ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, os dados do SNS mostram uma tendência de redução progressiva nos atendimentos.
De acordo com os dados da monitorização diária dos serviços de urgência do SNS, nos 80 dias entre o início das entregas de escusas e o fim de novembro de 2023, apenas 17 dias tiveram mais atendimentos do que em 2022. Em novembro, a redução de atendimentos é de 15% face ao mesmo mês de 2022.