A Comissão Europeia quer um compromisso por parte dos Estados-membros para a compra conjunta de pelo menos 40% dos equipamentos militares para a União Europeia (UE) até 2030, anunciou esta terça-feira o executivo comunitário.
De acordo com a proposta apresentada sobre a estratégia para industrial da defesa na UE, o executivo de Ursula von der Leyen quer que os 27 países do bloco comunitário se comprometam com a aquisição conjunta de pelo menos 40% de todos os equipamentos militares para reforçar a defesa europeia nos próximos seis anos.
Em simultâneo, a Comissão Europeia quer que até 2030 o valor do comércio intraeuropeu em defesa seja de pelo menos 35% o mercado da defesa na UE.
Em conferência de imprensa de apresentação desta estratégia, a vice-presidente executiva da Comissão Margrethe Vestager recordou que "não muito longe daqui os ucranianos estão a lutar pela liberdade e pelos valores europeus".
"Nos últimos dois anos enfrentámos uma situação de uma indústria de defesa incapaz de produzir com a celeridade necessária", completou.
A Comissão Europeia apresentou uma estratégia industrial europeia de defesa, para criar uma "economia de guerra" na UE, com um programa para investimento no setor que deverá requerer 100 mil milhões de euros.
As contas são do comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, que numa antevisão das propostas que hoje foram divulgadas indicou que, "para uma defesa europeia credível, é necessária uma ambição orçamental adequada", apelando a que a UE "se prepare já, nos próximos 12 meses, para a possibilidade de um investimento adicional na ordem dos 100 mil milhões de euros".
Em causa está a proposta sobre a Estratégia Industrial de Defesa Europeia para responder às lacunas de investimento no setor com instrumentos europeus e contratos públicos conjuntos e, assim, reforçar a capacidade e apoiar a Ucrânia devido à invasão russa.
A estratégia prevê a criação de um mecanismo de vendas militares europeias para responder às necessidades, de preferência no espaço comunitário, que serão respondidas com a aposta no fabrico e de fornecimento de matérias-primas e outros componentes para meios de Defesa, à semelhança do que foi feito para acelerar o desenvolvimento das vacinas anticovid-19.
Também tendo por base a experiência da Covid-19 e a da crise energética, Bruxelas quer compras conjuntas de vacinas e gás através de acordos de compras avançada.
Estima-se que seja necessário um investimento adicional no setor de 100 mil milhões de euros.
A estratégia depende das verbas comunitárias alocadas, como as do orçamento a longo prazo da UE (dado o montante adicional de 1,5 mil milhões de euros aquando da revisão intercalar), bem como as do regulamento para munições (800 milhões de euros), mas Bruxelas sugere financiamento também assente em emissão de dívida conjunta, dado o mecanismo usado para financiar as verbas de recuperação pós-crise da Covid-19.