Uma delegação de deputados portugueses vai esta segunda-feira a Espanha para avaliar os impactos de uma mina de urânio a céu aberto que vai ser instalada a 50 quilómetros da fronteira portuguesa.

O deputado do Bloco de Esquerda Pedro Soares, líder da comissão parlamentar de Ambiente, considera que esta é uma situação inaceitável: “Nós não podemos permitir que junto à fronteira portuguesa se construa aquilo que seria a única mina de urânio a céu aberto em toda a Europa."

Perante o cenário, o bloquista pede que as “autoridades portuguesas tenham firmeza relativamente a esta matéria, intervenham e exijam que a legalidade em termos internacionais seja cumprida pelas autoridades espanholas”.

A delegação de deputados vai tentar ouvir as autoridades e as populações de Retortillo, em Salamanca, onde vai ficar instalada esta mina de urânio.

A polémica já remonta pelo menos a 2016, sendo que a instalação mineira conta com Declaração de Impacto Ambiental favorável, aprovada pela Conselharia de Fomento e Meio Ambiente da Junta de Castela e Leão, com data de 8 de outubro de 2013.

Em 2016, os ambientalistas e representantes dos municípios espanhóis abrangidos pelo projeto mineiro adiantam que já recorreram para instâncias europeias, por aquele se encontrar em zonas de proteção especial, como a Rede Natura 2000, e apelavam aos portugueses residentes em zonas fronteiriças próximas para que entrem na luta a fim de travar o projeto.

Autarca com "preocupação total"

Do lado português, o presidente da Câmara de Almeida garante que o assunto merece a "preocupação total" da autarquia, garantindo que fazem o acompanhamento deste projecto desde 2013.

Em declarações à Renascença, António Machado considera que o poder central não tem estado a fazer o devido acompanhamento e que ainda há muita falta de informação sobre a verdadeira dimensão do projeto de exploração que está a ser programado pelo país vizinho.