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Cerca de 600 seguranças privados têm os postos de trabalho em risco e enfrentam a séria possibilidade de não receberem o salário no final de março, disse à Renascença o presidente da Associação Sindical da Segurança Privada (ASSP). Rui Silva descreve um cenário preocupante para centenas de trabalhadores.
"Estamos a aproximar-nos do fim do mês e o nosso maior receio é o encerramento de empresas. O não pagamento pontual da retribuição coloca-se sobretudo em pequenas empresas que já vinham tendo problemas de tesouraria e que,neste mês e no próximo, poderão encerrar. Não queria ser tão cruel, mas acredito que possa haver constrangimentos no pagamento de salários", admite.
Segundo o dirigente sindical, a incerteza apoderou-se de pequenas empresas de segurança privada, havendo registo de casos em que foram enviados aos colaboradores emails a informar que o pagamento das horas extraordinárias estava adiado para depois da crise. Noutros casos, os trabalhadores estão a ser colocados de férias. Ambas as situações foram já reportada pela ASSP à Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT).
O presidente da ASSP assinala, porém, que o maior risco é o de total colapso financeiro de pequenas empresas o setor: "São entre 100 a 150 funcionários por cada uma destas empresas mais pequenas em risco de colapsar. Estaremos a falar de cerca de 600 trabalhadores que no final deste mês poderão não receber o salário, até porque, ao nível dos apoios, os empresários não sabem quando é que o estado lhes vai disponibilizar dinheiro".
Falta de trabalho para uns, excesso para outros
A economia tem destas coisas. Enquanto algumas empresas de segurança correm o risco de encerrar, outras vêm-se aflitas para responder à procura.
"No início desta semana foi lançado um conjunto de ações formativas, autorizadas pela PSP, em plataforma de e-learning [aprendizagem à distância], porque a procura é tanta que foi preciso agilizar os processos de formação para dar resposta às necessidades temporárias do mercado", revela Rui Silva. A procura de serviços de segurança tem sido notória, sobretudo ao nível dos supermercados, diz o presidente da ASSP que, num contexto de estado de emergência, aponta para elevados índices de utilização dos seguranças privados.
"À exceção dos que entraram de baixa por assistência aos filhos, estão quase todos a trabalhar, até porque há empresas, como por exemplo os supermercados, que têm necessidade de maior segurança e que estão com dificuldade em suprir essa carência. Os pedidos dobraram ou triplicaram".
Faltam equipamentos de proteção individual
Segundo o presidente da Associação Sindical da Segurança Privada "a falta de máscaras e luvas continua a ser um problema. Nem as empresas de segurança, nem aquelas para quem prestam serviços, dispoem destes equipamentos porque está tudo esgotado.Vai-se salguardando aeroportos, hospitais e centros de saúde. No resto, em 90 por cento dos casos o segurança privado encontra-se desprotegido" e segundo Rui Silva, não é por falta de sensibilização de quem dirige. "Já enviamos ofícios ao governo e às empresas, mas também temos que entender que, neste momento, não há equipamentos de proteçao em stock".
Em Portugal existem cerca de 35 mil seguranças privados, muitos deles não sindicalizados. A ASSP representa cerca de 2 mil trabalhadores, num universo de 80 empresas de segurança privada.