O presidente do Parlamento do Sri Lanka, Mahinda Yapa Abeywardene, anunciou este sábado que o Presidente do país, Gotabaya Rajapaksa, o contactou para informar que se demitirá do cargo na próxima quarta-feira.
Segundo fontes citadas pelos ‘media’ do país asiático, Rajapaksa informou Rajapaksa sobre a sua decisão através de um contacto privado e pediu-lhe um prazo até quarta-feira para preparar a transição e concluir assuntos pendentes, indicou o diário local Daily Mirror.
As principais forças políticas do Sri Lanka concordaram que será o presidente do Parlamento a assumir a chefia do Estado na sequência da demissão de Gotabaya Rajapaksa, de acordo com a Constituição, e durante um período de um mês até à eleição de um novo Presidente.
A revolução popular que eclodiu hoje no Sri Lanka forçou à demissão de Rajapaksa, que anunciou a renúncia ao cargo após ceder às pressões de múltiplas frentes, desde formações políticas e associações civis, pela sua incapacidade em confrontar a pior crise económica da história do país.
Rajapaksa acabou por ceder após meses de protestos pela falta de alimentos e combustível, e que derivaram numa crítica generalizada à sua atuação, com acusações de corrupção e nepotismo, após colocar o seu irmão Mahinda no cargo de primeiro-ministro, e até ser forçado a demiti-lo em maio passado sob intensa pressão popular.
Ranil Wickremesinghe, um antigo rival de Rajapaksa e que sucedeu a Mahinda numa última tentativa para solucionar a crise, tinha-se demitido algumas horas para permitir a formação de um governo de concertação que terá como principal objetivo a convocação de novas eleições.
Apesar da decisão de Wickremesinghe, um grupo de manifestantes incendiou a sua residência privada, horas depois de milhares de manifestantes terem invadido as residências oficiais do Presidente e do primeiro-ministro.
A tensão e o descontentamento aumentaram na ilha no final de março, quando as autoridades impuseram cortes de energia de mais de 13 horas, o que levou a população a sair às ruas para exigir a demissão do Governo do Sri Lanka.
Desde essa altura, centenas de manifestantes instalaram-se nos arredores do edifício presidencial, em Colombo, e protestos pacíficos em todo o país multiplicaram-se, enquanto as autoridades tentam chegar a um acordo de resgate com o Fundo Monetário Internacional (FMI).