O Presidente brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva, apelou este domingo para que não se tirem conclusões precipitadas sobre as causas da morte do opositor russo Alexei Navalny, contrariando os líderes ocidentais que se apressaram a acusar o Kremlin.
Um dos primeiros líderes dos Brics (bloco de países emergentes) a manifestar-se a propósito da morte do russo Alexei Navalny, o Presidente Lula da Silva disse que era importante evitar "especulações" e aguardar os resultados da autópsia.
"Acho que é uma questão de bom senso (...) Se a morte foi suspeita, é preciso investigar primeiro para saber de que morreu o cidadão", disse o presidente brasileiro aos jornalistas na capital da Etiópia, Adis Abeba, onde participa na cimeira da União Africana.
"Os peritos forenses vão dizer qual a causa da morte. Então, na altura, poderão julgar", considerou.
Lula, de 78 anos, tem sido criticado pelo Ocidente pela sua tolerância com o presidente russo Vladimir Putin.
Putin é também membro do bloco Brics - acrónimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ao qual se juntaram recentemente outros países emergentes.
O Presidente brasileiro desaprova as reações norte-americanas e europeias à invasão russa da Ucrânia, e tem vindo a considerar que Kiev é responsável pela eclosão do conflito e recusou-se a juntar-se às sanções ocidentais contra Moscovo.
Alexei Navalny, o principal opositor de Vladimir Putin, morreu na sexta-feira, aos 47 anos, numa prisão no Ártico siberiano, e depois de mais de três anos a viver atrás das grades.
Lula sublinhou que Alexei Navalny podia estar doente ou ter outro problema de saúde, mostrando-se apreensivo com a "banalização" de acusações de homicídio.
"Não quero especulações", disse.
"Compreendo os interesses daqueles que acusam imediatamente (...) mas não é esse o meu lema".