Os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, podem ser cancelados devido ao surto do novo coronavírus, conforme admitiu Dick Pond, do Comité Olímpico Internacional (COI), esta terça-feira, à Associated Press.
O cancelamento é um cenário que está a ser tido em conta e a decisão terá de ser tomada nos três meses, até ao final de maio. Isto porque é dois meses antes da competição que começam os preparativos finais.
"Esta é a nova guerra e temos de encará-la. Por volta dessa altura, a organização terá de questionar: 'Isto está suficientemente sob controlo que possamos estar confiantes em ir a Tóquio ou não?'", explicou Dick Pound. Caso a resposta a esta pergunta seja negativa, a solução deverá ter de ser a mais drástica: "Provavelmente, teremos de cancelar."
Apesar das incertezas, o mais antigo membro do COI (desde 1978) assegurou que, para já, os conselhos que o organismo tem recebido "não apontam para o adiamento ou cancelamento dos Jogos Olímpicos":
"É uma decisão muito grande e não podes tomá-la sem ter factos fiáveis em que basear-te. Pelo que sabemos, por agora, vamos todos a Tóquio. Todas as indicações, nesta altura, são de que correrá tudo como de costume. O COI não mandará ninguém para uma pandemia."
Deslocar ou adiar não é possível
Caso se determine que as condições de segurança para realizar os Jogos Olímpicos não estão asseguradas, reiterou Dick Pound, o cancelamento será a única opção viável, face às dificuldades de adiar ou deslocar.
"Não podes simplesmente adiar algo da dimensão e escala dos Jogos Olímpicos. Há demasiado em causa, muitos países e estações diferentes, e temporadas competitivas, e temporadas televisivas. Não podes simplesmente dizer, 'vou fazer isto no outubro'. Mudar de local também é difícil, porque há poucos lugares no mundo que possam equipar-se para receber os Jogos em tão pouco tempo", explicou o canadiano.
O início dos Jogos Olímpicos está agendado para o dia 24 de julho. A prova de duas semanas deverá estender-se até 9 de agosto.
Covid-19 continua a alastrar-se
O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de 2.707 mortos e cerca de 80.300 pessoas infetadas, de acordo com dados reportados até hoje, por cerca de 30 países.
Além de 2.665 mortos na China, onde o surto começou no final do ano, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França e Taiwan.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão, nos últimos dias.
Em Portugal, já houve 15 casos suspeitos, que resultaram negativos após análises, e está ainda em avaliação um homem, hospitalizado hoje, no Porto.
O único caso conhecido de um português infetado pelo novo vírus é o de um tripulante de um navio de cruzeiros que está hospitalizado no Japão.