O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, fez em Wilmington, no Delaware, o seu primeiro discurso após a vitória nas eleições presidenciais. Apelou à unidade e à pacificação e deu conta das suas prioridades governativas, com o combate à pandemia em destaque.
"O povo falou. Foi uma vitória clara, convincente. É a vitória com o maior número de votos na história da nação", começou por dizer Joe Biden.
"Vou ser um Presidente para unir e não para dividir, que não vê estados vermelhos e estados azuis, só vê os Estados Unidos. Vou trabalhar para ganhar a confiança de todos."
"Queremos uma América respeitada no mundo novamente", acrescentou.
No discurso de consagração, Biden deixou um apelo: "Para todos os que votaram em Donald Trump, percebo o desapontamento, mas vamos dar uma oportunidade". "É altura de baixar a temperatura". "Não há inimigos, há americanos". "É um tempo para curar na América".
"Sou democrata, mas vou governar para todos os norte-americanos", garantiu. Por isso, apelou ao Congresso para que coopere com a sua administração a partir de janeiro de 2021.
Biden deixou uma definição para os Estados Unidos: "Defino a América com uma palavra: Possibilidades. Acredito na América das possibilidades".
"O mundo está a olhar para nós. Vamos liderar pelo exemplo. Somos um país que não deixa ninguém para trás e não desiste. Somos capazes de tudo quando estamos unidos. Temos que restaurar a alma da América", acrescentou.
Biden aproveitou, desde já, para definir as prioridades do seu mandato: "combater a pandemia, melhorar a economia, eliminar o racismo, restaurar a decência, permitir a todos oportunidades".
Na segunda-feira será anunciada uma "task force" para ajudar o combate à Covid-19. "Não pouparei esforços no combate à pandemia", garantiu.
Depois de um cumprimento à família ("Jill será uma grande primeira dama"), Biden deixou palavras de elogio a Kamala Harris.
No final, Biden lembrou os avós: "Como o meu avô dizia quando eu saía de casa dele, quando eu era miúdo em Scranton: ‘Mantém a fé’. E a minha avó dizia: ‘Não, Joey, espalha-a’. Espalhem a fé! Deus ama-vos a todos. Que Deus abençoe a América e proteja as nossas tropas”.
Após o discurso, ouviram-se canções de Beyonce, mas também “I Won’t Back Down”, de Tom Petty, “A Sky Full of Stars”, dos Coldplay, ou "Simply the best", de Tina Turner.
Não houve referência direta a Donald Trump durante o discurso, mas Biden deixou um apelo ao "fim da era da demonização da América".
A cerimónia terminou com fogo de artifício.
"Leal, honesta e preparada"
Antes, tinha falado Kamala Harris, futura vice-presidente dos Estados Unidos, a primeira mulher a ocupar o cargo.
Na primeira frase do seu discurso, Kamala Harris lembrou o congressista John Lewis, recentemente falecido, que, antes de morrer, escreveu que "a democracia não é um estado, mas um ato. A democracia da América não está garantida, é tão forte como a nossa vontade de lutar por ela, de a guardar e de não a tomar por garantida".
"Temos o poder de construir um futuro melhor", acrescentou Harris.
A número 2 da administração Biden agradeceu a todos os que contaram os votos ("Protegeram a integridade da nossa Democracia") e a todos os que foram às urnas ou enviaram o voto pelo correio: “Vocês votaram e deixaram uma mensagem clara: escolheram a esperança, unidade, decência, a ciência e a verdade.”
Segundo Kamala Harris, Joe Biden é "um unificador, um curador".
"Sou a primeira mulher neste cargo [vice-presidente], mas não serei a última". "Vou ser vice-presidente como Biden foi para Obama: leal, honesta e preparada, todos os dias pensando em todas as famílias norte-americanas".
"A América está preparada. Biden e eu também". Harris garante que teremos um "Presidente para todos os norte-americanos".
O antigo vice-presidente dos Estados Unidos da administração Obama é o 46.º Presidente do país e chega à Casa Branca 48 anos depois da sua primeira vitória para o Senado.
Biden é o Presidente mais votado de sempre (mais de 74 milhões de votos), mas também o mais velho: 78 anos.
Os resultados das eleições não estão ainda fechados, mas Joe Biden já garantiu, pelo menos, 279 grandes eleitores no Colégio que escolhe o Presidente. Só precisava de 270.
Donald Trump, ainda Presidente e candidato derrotado, já prometeu luta nos tribunais e a oficialização dos resultados pode ainda demorar semanas. A tomada de posse do novo Presidente está marcada para 20 de janeiro de 2021, mas os resultados devem ser fechados, no máximo, até 14 de dezembro.