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Amanhã, quarta-feira, há eleições gerais em Angola. Serão eleitos os deputados e, também, automaticamente o próximo Presidente da República – será o primeiro da lista mais votada.
Não há grande expectativa, visto que o novo Presidente já foi, na prática, nomeado por José Eduardo dos Santos, que está no poder há nada menos do que 38 anos. O Presidente será o general João Lourenço, agora ministro da Defesa. E o MPLA terá provavelmente nova maioria parlamentar, embora inferior às obtidas anteriormente.
O facto de dois terços da população angolana (28 milhões de habitantes) terem menos de 25 anos poderia indiciar uma mudança. Mas será certamente uma mudança limitada, pois Angola carece de liberdades cívicas e políticas próprias de uma democracia. Não basta fazer eleições: o regime anterior ao 25 de Abril, em Portugal, também organizou eleições, mas nem por isso era uma democracia.
Serão o novo Presidente e a nova maioria parlamentar capazes de tirar Angola da crise económica derivada do baixo preço do petróleo? Não será fácil, uma vez que a economia angolana não se diversificou, mantendo-se muito dependente do petróleo.
Um dos focos de atenção será perceber até que ponto o general João Lourenço poderá beliscar o império económico de José Eduardo dos Santos e da sua família, uma condição para reduzir o nível de corrupção na economia angolana – que é um travão ao crescimento económico do país. Mas se foi J. Eduardo dos Santos a escolher J. Lourenço, será irrealista esperar avanços significativos nessa frente.