Agora, segundo o próprio líder socialista já não é preciso "ter medo das palavras". Aterrado na Madeira esta terça-feira, António Costa foi ao Fórum Machico esta noite garantir que o PS cumprirá o seu "dever em qualquer circunstância", ou seja, tenha o resultado ou a maioria que tiver e que respeitará "o voto dos portugueses ". Mas foi mais longe: pediu uma "boa vitória" para o PS e por fim na "maioria absoluta", a tal "metade mais um" dos deputados eleitos.
O pedido foi, aliás, feito uma segunda vez, com António Costa a avisar que o PS não precisa de "uma vitória qualquer", mas de "uma maioria de consenso, de diálogo, uma maioria absoluta do PS para quatro anos de estabilidade" e que dê "tranquilidade" ao país".
Na reta final da intervenção de pouco mais de vinte minutos, Costa pediu de novo, tal como já tinha feito no comício noturno nos Açores, que ninguém se iluda com "as boas sondagens", apelando a que o país adira já ao voto antecipado deste domingo ou no dia oficial da votação a 30 de janeiro, argumentando que o país não pode "andar em governos provisórios de dois anos".
E tudo isto para quê? Costa lá foi explicando. Porque o país não pode "estar a viver o ano todo em duodécimos" e para isso é preciso "aprovar o nosso Orçamento do Estado". Outro argumento que colocou em cima da mesa foi o da erradicação da pobreza. É preciso uma maioria absoluta, defende o líder socialista, para acabar de vez com um problema agravado pela pandemia.
É, por isso, necessário "não só vencer a dimensão sanitária da pandemia, mas as feridas sociais", atira Costa, mas acorrer ao "dramático" que significa que milhares de pessoas tenham sido recolocadas na pobreza, condição que o líder socialista quer "erradicar de uma vez por todas".
Mais: o líder do PS quer uma maioria absoluta para garantir que à chegada da primeira tranche do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) seja "tempo de arregaçar as mangas porque o tempo de execução é limitado". Logo de seguida, deixou uma farpa para o PSD: "este não é o momento" de parar "para ir renegociar o que está negociado com a União Europeia". E assim, tal como nas autárquicas de setembro e que tanta polémica envolveu, o PRR entrou de novo numa campanha do PS.
O encosto socialista a Marcelo
A caça à maioria absoluta está aberta e agora já ninguém tem medo da expressão. Qualquer socialista pode agora dizê-la com todas as palavras. Foi o caso do cabeça de lista do PS pelo círculo eleitoral da Madeira.
Falando antes mesmo do líder do partido, Carlos Pereira pediu "uma maioria robusta, uma maioria absoluta para garantir que António Costa é o próximo primeiro-ministro" de Portugal. E qual é o objetivo? "Ajudar a Madeira" e garantir que a "agenda" do PS é "concretizada no plano regional".
E agora, já "sem ter medo das palavras", o PS encosta-se até à mensagem de Ano Novo do Presidente da República para fazer campanha, retomando o discurso sobre a necessidade de "virar a página da pandemia".
Carlos Pereira resumiu muito claramente que "como disse o senhor Presidente da República, é preciso de uma forma muito clara ter estabilidade e ter previsibilidade", reforçando que o PS não se pode "esquecer disso" e que tem "de aceitar aquilo que disse o senhor Presidente da República". O PS já "sem ter medo das palavras" junta assim a necessidade da "maioria absoluta" para o partido, respaldando-se nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa.