Francisco alerta para o risco de os idosos serem vistos como um “fardo”
23-02-2022 - 10:33
 • Henrique Cunha

O Papa deu início, esta quarta-feira, a um ciclo de catequeses sobre o significado e o valor da velhice.

Na audiência publica desta quarta-feira, Francisco criticou o descarte dos mais velhos e lembrou o seu sofrimento no período da pandemia.

O Papa deu início esta quarta-feira a uma nova catequese em que pretende “perscrutar o significado e o valor da velhice”.

Francisco lembrou que “nunca os idosos foram tão numerosos na história”, e alertou para “o risco alto” de serem vistos como “um fardo”.

“Hoje, há dois problemas urgentes para a família humana enfrentar: a migração e a velhice”, sublinhou.

O Papa recordou que “a exaltação da juventude como única idade digna de encarnar o ideal humano, aliada ao desprezo da velhice vista como fragilidade, degradação, deficiência, foi o ícone dominante dos totalitarismos do século XX”, para deixar uma interrogação: “Será que já nos esquecemos?”.

Francisco quer que a sabedoria dos mais velhos não seja esquecida pelos jovens, lembrando que “é importante que o idoso ocupe o lugar de sabedoria, de história vivida, mas também que haja um colóquio, que dialogue com os jovens”.

O Papa entende que “os velhos possuem recursos dum tempo já vivido que podem enriquecer o sentido da vida”, e diz que “gostaria, por isso, de encorajar todos a investirem inteligência e afetos sobre os dons que a velhice traz consigo”.

“A juventude é bela, mas a eterna juventude é uma alucinação muito perigosa. Ser velho é tão importante – e bonito – quanto ser jovem”, reforçou, explicando que “a velhice é um dom para todas as idades da vida. É um dom de maturidade, de sabedoria".

O Santo Padre concluiu a sua catequese dizendo que "se o suco não vier das raízes, nunca poderão florescer”, e que “tudo o que há de bonito numa sociedade está relacionado às raízes dos idosos”.

Por isso, sublinhou que gostaria que “nestas catequeses emergisse a figura do idoso, para que se entenda bem que o idoso não é um material de descarte, mas uma bênção para uma sociedade".

No final da audiência, na Sala Paulo VI, antes das saudações em italiano, o Papa alertou para o agravamento no conflito na Ucrânia e convocou uma jornada mundial de jejum pela paz, a 2 de março.