O PCP vai apresentar uma moção de rejeição do programa do Governo. A garantia foi deixada pelo secretário-geral do partido, em conferência de imprensa, após reunião do Comité Central para analisar os resultados eleitorais.
"Com toda a clareza digo que sim", afirmou Paulo Raimundo.
"Esse é um instrumento que está ao nosso dispor, é um sinal político que queremos dar. Não será pelo PCP que a direita implementa o seu projeto", assegura.
Nesta conferência de imprensa, Raimundo revelou ainda que já foram contactados pelo Bloco de Esquerda para uma reunião, convite que aceitou.
"Há um pedido de reunião que nós formalmente conhecemos há pouco minutos. É um pedido de reunião na qual vamos estar presentes, naturalmente, e vamos examinar as questões que estão colocadas na reunião", disse.
Questionado pela Renascença sobre se o PCP preferia ir a votos outra vez, Paulo Raimundo não responde diretamente à pergunta, mas adianta terem a "certeza plena que o projeto e os objetivos da direita, independentemente destas aparentes contradições e aparentes disputas que não existem, são prejudiciais para os trabalhadores, para o povo e para o país, e, portanto, o que precisávamos era que não fosse implementado".
Raimundo acrescenta que, "pelos vistos, pelo que é pré-anunciado por outros, não seremos acompanhados nesse elemento, cá estaremos não para fazer parte da oposição, é para ser a oposição à política de direita e à direita".
O PCP anunciou ainda a realização de uma jornada de contacto com os trabalhadores e a população entre os dias 21 e 24 de março, bem como apelou "à participação dos trabalhadores e do povo em todas as lutas", nomeadamente, nas comemorações populares do 25 de abril e 1º de Maio.
Sobre os resultados eleitorais do PCP; Paulo Raimundo foi questionado sobre se reconhece que a subida do Livre criou dificuldades adicionais. Raimundo respondeu afirmando que "o que cria dificuldades ao povo, aos trabalhadores e ao país é os resultados eleitorais e o número de votos que a direita, nas suas várias expressões, teve. Esse é que o grande problema que temos de enfrentar neste momento", disse.
Ainda assim, reconheceu que "os resultados eleitorais não foram positivos para nós, não vale a pena estarmos a enterrar a cabeça na areia, é um facto objetivo".
Já sobre uma alegada transferência de votos do PCP para o Chega em determinadas zonas do país, como por exemplo no Alentejo, Raimundo rejeita esse cenário e considera que essa "é uma narrativa criada pelo PSD e pelo PS".
"Vai ter que se fazer muita reflexão, mas não é o PCP o único a ter que fazer uma reflexão sobre isso", rematou.