​A Ucrânia isolada
03-04-2024 - 06:01

A Ucrânia debate-se hoje com uma dramática escassez de meios humanos e militares para se opor à invasão da Rússia. O que, em grande parte, resulta de ter esmorecido o apoio internacional à causa ucraniana.

Tem sido notória a tentativa de Putin em envolver a Ucrânia no grande atentado terrorista em Moscovo no dia 22 do passado mês de março. Isto, apesar do Daesh ter reivindicado o atentado e de os suspeitos já detidos serem asiáticos. A comunicação social russa, dominada pelo regime autocrático ali vigente, multiplica acusações no mesmo sentido.

Estamos perante um indício claro de que Putin quer atacar em força a Ucrânia, alargando a ocupação, que é atualmente de cerca de um quinto do território ucraniano. A Rússia procura aproveitar as dificuldades que agora atravessa aquele país

De facto, a Ucrânia debate-se com uma dramática escassez de meios humanos e militares para se opor à invasão da Rússia. As forças armadas da Ucrânia desde há várias semanas racionam o uso de munições. O que, em grande parte, resulta de ter esmorecido o apoio internacional à causa ucraniana.

Macron parece empenhado em ajudar a Ucrânia, pelo menos é o que logicamente decorre das suas afirmações sobre a possibilidade de forças europeias intervirem na Ucrânia para deterem o exército russo. Mas da parte dos outros líderes europeus predomina o silêncio sobre o apoio à Ucrânia.

O aparecimento de outros focos de conflito bélico – como em Gaza, por exemplo – terá retirado popularidade ao auxílio à Ucrânia. A maioria dos políticos europeus parece ter esquecido as suas próprias palavras, quando até há meses considerava catastrófica uma eventual vitória russa na Ucrânia. É uma situação deprimente.

Ainda mais grave do que a atitude europeia é o bloqueio nos Estados Unidos ao envio de apoio financeiro e militar à Ucrânia. Os políticos republicanos, hoje dominados por Trump, travam essa ajuda vital. Aliás, Trump tem repetido que, se for de novo Presidente dos EUA, em 24 horas acaba com a guerra da Ucrânia. Como? É muito simples: cortando todo o apoio americano a este país invadido. Putin agradece.

Esta situação trágica faz lembrar o que Winston Churchill disse ao primeiro-ministro britânico Chamberlain quando este regressou do “acordo” de Munique, em setembro de 1939: "entre a desonra e a guerra, escolheste a desonra, e terás a guerra”.