“O voto é sempre livre”, sublinham os líderes das distritais do PSD, mas quase todos admitem apoiar Luís Montenegro. As eleições diretas no partido acontecem já no próximo sábado, dia 28 de maio, mas nesta corrida à liderança o tiro de partida já foi dado há algumas semanas.
Luís Montenegro soma os apoios das maiores distritais do país: Porto, Lisboa (Área Metropolitana), Lisboa (Oeste), Braga e Aveiro. A Renascença falou com todos estes líderes. Nenhum deu orientações aos militantes, menos o de Aveiro. Emídio Sousa apela explicitamente ao voto no candidato de Espinho. Faro prefere a neutralidade, pelo menos pública.
Apesar de Montenegro ter o aparelho do PSD aparentemente conquistado, isso não significa que a eleição esteja decidida. O voto é livre e secreto, e a história comprova-o. Nas últimas diretas, Paulo Rangel parecia ter o maior número de apoios nas distritais, mas Rui Rio voltou a triunfar.
A poucos dias da disputa entre Jorge Moreira da Silva e Luís Montenegro, o ambiente é diferente daquele que foi vivido nas últimas diretas, no final do ano passado. Há um “cansaço natural” e “feridas” abertas fruto das “sucessivas eleições internas”.
Porto é neutro. Líder está com Montenegro
É a distrital com o maior número de militantes que podem votar (têm de ter as quotas em dia). Volta a não emitir uma posição, depois de ter apoiado Paulo Rangel em dezembro do ano passado.
À Renascença, o líder da distrital, Alberto Machado, fala numa “regra” que “só foi quebrada” porque o eurodeputado “fazia parte da distrital”.
A distrital do Porto volta a não fazer nenhuma recomendação, mas Alberto Machado afirma que vai apoiar “o companheiro Luís Montenegro”.
O líder desta distrital, que conta com mais de 7.600 militantes elegíveis, admite que há “menos votantes do que nas últimas diretas”, mas nada de “muito significativo”.
Alberto Machado fala num “cansaço natural” nos militantes, resultante de “um ano e meio consecutivamente em eleições”. Ainda assim, o líder da distrital portista acredita que a participação não vai descer, relativamente às últimas diretas.
“Os militantes percebem que devem estar presentes nos momentos importantes no partido”, assegura Alberto Machado, reforçando que a eleição do líder é o “mais importante” deles todos.
Braga não quer “cortar” a liberdade. Escolha “pessoal” é Montenegro
Paulo Cunha, líder da distrital minhota, apoia Luís Montenegro na corrida à liderança do PSD. No entanto, à Renascença ressalva que “a escolha é pessoal”.
A posição do PSD Braga é de neutralidade. “Entendemos que não devemos deliberar, para não cortar a liberdade de voto”, explica Paulo Cunha.
Militantes mobilizados? O líder da distrital bracarense sente que “os militantes percecionaram a importância que este ato eleitoral tem para o futuro do PSD”.
Lisboa espera “eleições concorridas”. Líder apoia Montenegro
A distrital de Lisboa (Área Metropolitana) tem perto de 5.600 militantes com as quotas pagas, prontos para escolher o próximo presidente do PSD.
O líder desta distrital considera que depois de um “período de alguma acalmia”, agora os militantes lisboetas vão mobilizar-se. “Acho que vão ser umas eleições concorridas” na capital, revela Ângelo Pereira à Renascença.
O líder desta distrital está com Luís Montenegro, “enquanto militante”. A distrital abstém-se de dar orientações às estruturas lisboetas. Ângelo Pereira assume que os apoios dos líderes são importantes, mas sublinha que “nada está ganho”.
No distrito de Lisboa, além da distrital da Área Metropolitana, existe também a Área Oeste, liderada por Duarte Pacheco.
Na semana passada, à Renascença, o deputado social-democrata reforçou o apoio pessoal a Montenegro.
“Reúne melhores condições”, Aveiro aponta para Montenegro
O líder da distrital aveirense tem a “perfeita noção que muitos dos apoiantes da anterior liderança estarão contra o Dr. Montenegro”.
A razão? Emídio Sousa fala em “marcar posição” ou em “mágoa" em relação a posições tomadas por Montenegro.
No entanto, a posição é clara: a distrital recomenda o voto em Luís Montenegro, a decisão foi unânime entre a Comissão Distrital. Apesar disso, Emídio Sousa reforça que “o voto é livre”.
À Renascença, o líder aveirense admite um “cansaço dos militantes”, provocado pelas várias eleições e pelas disputas internas que “deixam sempre algumas feridas”.
A afluência pode por isso ser menor e já há um sintoma: o número de pessoas em condições de votar está “aquém do número de militantes com quotas em dia que em dezembro votaram”, garante Emídio Sousa. À data, Aveiro tem perto de 4.500 filiados em condições de votar.
Faro não assume, mas estrutura “está com Montenegro”
O PSD-Algarve reconhece que há “desgaste e desilusão” de alguns militantes, dado o “duro revés” sofrido nas últimas legislativas”. Cristóvão Norte, deputado e líder da distrital algarvia, não assume nenhum lado e prefere “não tomar nenhuma posição pública”, explica à Renascença.
No entanto, fonte do PSD de Faro revela à Renascença que Cristóvão Norte “está com Montenegro”. É uma perceção que não se restringe apenas ao líder da distrital. Esta fonte defende que os militantes algarvios também estão maioritariamente com o antigo líder parlamentar.
Mas a posição oficial é de neutralidade. Cristóvão Norte acredita que “não há um dever de estabelecer” uma orientação de voto (como acontece com Aveiro, por exemplo) e por isso prefere optar por não se pronunciar.
Porquê? Porque, segundo o líder da distrital algarvia, os “membros das comissões políticas distritais” gozam de “alguma importância” por terem sido eleitos. É uma influência “importante”, mas não “decisiva”, defende Cristóvão Norte.
JSD com Montenegro
Os militantes da JSD estão “mais com Montenegro”, revela à Renascença fonte da direção da Juventude Social-Democrata.
O líder da JSD apoia o candidato de Espinho. Alexandre Poço anunciou que está com Montenegro esta segunda-feira através das redes sociais.
Moreira da Silva segura-se na “história”. “Um militante, um voto”
O passado demonstra que nem sempre ter o aparelho chega para vencer as diretas. Nas últimas eleições internas, Paulo Rangel teria a maioria dos apoios nas distritais, mas acabou derrotado por Rui Rio.
À Renascença, Carlos Eduardo Reis, deputado do PSD e diretor de campanha de Moreira da Silva, afirma que “temos de ter a humildade de aprender com a história recente”.
O deputado social-democrata lembra que “um militante” vale “um voto”, por isso, Carlos Eduardo Reis não dá por decididas as eleições internas do PSD.
O diretor de campanha aponta para sábado: “questão decide-se é no dia 28”.