O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Filipe Simões, justifica convocação de uma greve geral da classe para esta quinta-feira com o facto de este ser "o momento de lançar um grito de alerta”.
Os baixos salários, a precariedade e a degradação acentuada das condições de exercício de jornalismo são alguns dos motivos que justificam o primeiro protesto do género em 40 anos.
“Veja-se o que está a acontecer com os repórteres fotográficos. São muito raros aqueles que têm um vínculo permanente. Há jornalistas a trabalharem praticamente sozinhos e a ganharem muito pouco. Por outro lado, as queixas sobre a não progressão na carreira são das mais frequentes”, exemplifica Luís Filipe Simões, em declarações à Renascença.
“O salário médio de um jornalista, em Portugal, é de pouco mais de mil euros, numa altura em que a exigência é máxima. Hoje o jornalista tem de escrever, trabalhar a imagem e editar ao mesmo tempo. É tudo mais complexo e os salários em vez de subirem, descem, basta olharmos para os preços praticados no setor da habitação”, aponta.
“Acabámos há pouco tempo um estudo que nos diz que a profissão de jornalista é uma das profissões mais exposta à exuastão. Não ter tempo para estar com a família e ser sujeito a pressões deteriora a saúde mental”, acrescenta o presidente do Sindicato de Jornalistas, que diz esperar uma elevada adesão ao protesto.
Luís Filipe Simões defende também mais apoios ao setor da comunicação social. “O Presidente da República dizia que provavelmente seria preciso um pacto de regime para defender o jornalismo. Vamos lá, então, pegar nas palavras e passar à ação. Neste momento, a democracia precisa de um jornalismo forte e saudável, que possa escrutinar, porque a desinformação tem vindo a crescer”, sustenta.
A greve desta quinta-feira surge na mesma semana em que foi conhecido o despedimento coletivo no grupo Global Media. Abrange 17 trabalhadores e prevê também a saída de toda a direção do Diário de Notícias.
“É mais uma razão que acredito que vai mobilizar os jornalistas. A par de toda a crise, continuamos com despedimentos coletivos no jornalismo. Eu acredito numa enorme adesão a esta greve”, declara Simões.
No âmbito da greve dos jornalistas estão agendadas concentrações em Coimbra, Lisboa, Porto e Ponta Delgada.