“Parecer bizarro”. Frente Cívica acusa Comissão de Ética do BdP de tentativa de branqueamento
15-11-2023 - 10:21
 • André Rodrigues , Olímpia Mairos

No entender da comissão de ética, Centeno agiu com a reserva exigível, mas os desenvolvimentos políticos e mediáticos podem trazer danos à imagem do banco.

Mário Centeno cumpriu os deveres de conduta, mas a Comissão de Ética alerta para danos na reputação do Banco de Portugal.

A conclusão foi divulgada em comunicado do regulador, depois de analisado o convite ao Governador para assumir o cargo de primeiro-ministro.

No entender da comissão de ética, Centeno agiu com a reserva exigível, sublinhando, no entanto, que os desenvolvimentos políticos e mediáticos podem trazer danos à imagem do banco.

Para o vice-presidente da Frente Cívica estamos perante uma flagrante contradição.

Em declarações à Renascença, João Paulo Batalha diz que “é um parecer bizarro”, argumentando que “se há danos à imagem do banco por esta situação em que Mário Centeno se viu envolvido, é porque seguramente Mário Centeno não se devia ter deixado envolver”.

O vice-presidente da Frente Cívica acusa, por isso, a Comissão de Ética do Banco de Portugal de tentativa de branqueamento da atuação de Mário Centeno.

“Falando de desenvolvimentos político-mediáticos, suponho que a culpa é de António Costa e dos jornalistas. Isto é ridículo e a Comissão de Ética atua como uma comissão de branqueamento da conduta do Governador do Banco de Portugal. Isto é da lógica mais elementar”, remata.

A Comissão de Ética do Banco de Portugal reuniu-se na segunda-feira depois de Mário Centeno ter sido proposto pelo atual primeiro-ministro para o substituir no cargo.

António Costa, que apresentou na terça-feira a demissão, defendeu que o governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, deveria suceder-lhe na liderança de um novo executivo, no atual quadro parlamentar, e lamentou que o Presidente da República tenha optado por marcar eleições antecipadas.

Os partidos da oposição criticaram o convite ao Governador do Banco de Portugal e suscitaram dúvidas relativamente à independência de Mário Centeno no cargo.