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O PSD pediu esta terça-feira a constituição de uma comissão técnica independente para apurar com detalhe o que se passou no incêndio que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande e que provocou pelo menos 64 mortos.
A vice-presidente do PSD Teresa Leal Coelho, que falava aos jornalistas no final da reunião da Comissão Política Nacional na sede do partido, anunciou que os sociais-democratas vão desafiar os outros partidos a juntar-se nesta proposta.
“Esperemos que todos os partidos se juntem a nós para obtermos respostas irrefutáveis”, afirmou, acrescentando que se trataria de uma comissão de peritos e não parlamentar, que seria constituída apenas por técnicos e funcionaria de forma independente do Governo e da administração pública.
Teresa Leal Coelho explicou que a proposta do PSD, que iniciará já esta terça-feira as conversações com os restantes partidos, passa pela criação de uma comissão de técnicos “independentes de qualquer poder político” e especializados nas diversas matérias que sejam relevantes para o “apuramento da verdade”.
“Essa comissão poder-nos-á dar não só estas conclusões como elementos necessários para prevenir o futuro”, afirmou, sublinhando que Portugal já viveu outros incêndios terríveis, “mas nenhum com estas consequências avassaladoras”.
“Nestas condições de excepcionalidade temos de fazer o apuramento cabal das responsabilidades”, acrescentou, dizendo que o partido está a acompanhar a situação no terreno “com atenção e apreensão”.
Questionada sobre que perguntas querem os sociais-democratas ver esclarecidas por esta comissão, Teresa Leal Coelho apontou, por exemplo, as três que foram esta terça-feira colocadas pelo primeiro-ministro, António Costa, e que diz terem sido já colocadas na segunda-feira pelo partido na visita que fez à Autoridade Nacional para a Protecção Civil (ANPC), mas também outras com base em informações que o PSD recebe do terreno, que não detalhou.
Num despacho, António Costa pediu esclarecimentos urgentes sobre a ocorrência de eventuais circunstâncias meteorológicas excepcionais no sábado, sobre o funcionamento da rede de SIRESP e sobre os motivos da ausência de encerramento da estrada nacional 236-I, onde ocorreu um elevado número de mortes.
“As questões são muitas, mas remetemos essa matéria para a comissão”, afirmou Teresa Leal Coelho, considerando que “seria prematuro concretizar”.
Para além das responsabilidades técnicas, Teresa Leal Coelho foi questionada sobre as responsabilidades políticas desta tragédia, depois de, na segunda-feira, em declarações à SIC-Notícias o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, ter anunciado a formação de 20 novas equipas de sapadores florestais e o reequipamento de outras 44, dizendo que nos últimos anos tal não tinha sido feito.
“O PSD não tem feito política com estas matérias e vamos continuar com este sentido de responsabilidades, mas sentimo-nos chocados, revoltados com aproveitamento político do ministro Capoulas Santos e forma como tentou desresponsabilizar-se e responsabilizar a doutora Assunção Cristas [ministra da Agricultura do executivo PSD/CDS-PP] e o anterior Governo, só nos merecem repúdio essas declarações”, afirmou.
A vice-presidente do PSD deixou ainda “uma palavra de ânimo e apoio” às forças que combatem o incêndio no terreno e aos que perderam familiares, amigos e património.
“É um momento avassalador para Portugal, para todos nós”, disse, considerando essencial que se aposte na prevenção “para evitar consequências ainda mais graves”.
O incêndio que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 150 feridos, segundo um balanço divulgado hoje.
Este incêndio já consumiu cerca de 26.000 hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.