Portugal recebeu 1.402 refugiados e todos os meses continuam a chegar, porém o número ainda está longe de atingir a quota de quase cinco mil acolhimentos, afirmou hoje a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade.
Catarina Marcelino falava em Alfândega na Fé, no distrito de Bragança, à margem da assinatura do protocolo para a formalização do Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM) que aumenta para 60 o número de espaços deste género existente em Portugal.
Alfândega da Fé não faz parte dos 90 municípios portugueses que já acolheram as mais de 1.400 pessoas desde a crise dos refugiados, um terço das quais abandonou, entretanto, o país. A secretária de Estado afirmou que todos os meses chegam refugiados a Portugal, mas passou a ser "uma situação com alguma normalidade" e longe de atingir a disponibilidade de acolhimento.
"A quota que Portugal se comprometeu com a União Europeia foi cerca de cinco mil, essa quota não a atingimos, estamos longe disso porque também para recebermos eles têm que vir, (...) os serviços na Grécia e na Itália têm que ser céleres nos procedimentos e isso não tem acontecido", explicou.
Segundo a governante, os refugiados estão a ser acolhidos em Portugal "com aquilo que são os compromissos assumidos de terem uma resposta habitacional e também há fundos comunitários que os apoiam durante 18 meses para a sua sobrevivência durante esse período de tempo".
Um terço dos refugiados que chegaram até agora acabou por abandonar o país, uma questão que não é exclusivamente portuguesa, como apontou.
A secretária de Estado explicou que estas pessoas fogem da guerra à procura de uma vida melhor que "não é só ter uma casa e ter um espaço, muitas vezes é procurar integrarem-se em sítios aonde também há pessoas das suas comunidades".
"E nós não temos aqui grandes comunidades de pessoas daqueles países, da Síria, do Iraque. O que acontece é que muitas vezes, sobretudo as pessoas isoladas, quando saíram do seu país, aquilo que é o seu projecto de vida passa por se juntarem àqueles que são da sua comunidade", continuou.
A governante salientou que esta é uma realidade que acontece em Portugal, mas também "até em países como o Luxemburgo, que são países ricos".
"Não é sequer uma questão financeira ou do dinheiro que recebem ou não recebem, acontece o mesmo porque a tendência de procurar os seus e as suas comunidades é muito forte e isso faz parte de todo o processo migratório", afirmou.