Nestes dias, a preocupação com o clima e o ambiente encontra-se no primeiro plano da atualidade. Manifestações um pouco por todo o mundo e uma cimeira em Nova York promovida por António Guterres, secretário-geral da ONU, chamam a atenção dos “media”.
É um facto positivo, na medida em que o descontentamento das pessoas face à relativa inação dos políticos no combate às alterações climáticas poderá levar a que, finalmente, se passe das palavras aos atos. E é significativo que a maioria dos protestos seja agora liderada por gente jovem. Os mais novos já se deram conta de que eles, e os seus filhos, serão os grandes prejudicados pela presente passividade ambiental.
Veremos se esta onda em defesa do ambiente se prolonga no tempo e se alarga, ou se, como tantas vezes tem acontecido, estamos perante apenas um momento mediático, em breve esquecido pelas opiniões públicas. Seria dramático, pois a luta pelo clima, para ser eficaz, envolve um enorme e sustentado esforço de mudança de estilos individuais e coletivos de vida, além de uma maciça afetação de recursos durante as próximas décadas.
Claro que não ajuda que Trump, presidente da mais poderosa nação mundial, afirme não acreditar nas alterações climáticas – ele não irá sequer participar na cimeira da ONU. E que a atitude de Trump tenha seguidores em políticos como Bolsonaro.
Também é de afastar a ideia, que alguns defendem, de que o problema climático decorre necessariamente do capitalismo. Decerto que certas modalidades de capitalismo selvagem ameaçam o clima. Mas conviria recordar que o chamado “socialismo real”, o comunismo, foi um poderoso factor de poluição desbragada na União Soviética e na China.
Felizmente que Xi Jinping percebeu há alguns anos que dezenas de milhões de chineses não poderiam continuar a viver em cidades tão poluídas que mal se via ali o sol. Por isso o presidente chinês é hoje um aliado na luta contra as alterações climáticas, o que em alguma medida compensa o desinteresse de Trump pelo assunto.
Mas, perante as terríveis imagens que vemos na TV, dos degelos perto dos polos Norte e Sul ou dos trágicos tufões que acontecem nos EUA, na Europa e na Ásia, poderá concluir-se que agora é tarde demais para lutar a sério pelo clima.
De facto, há perdas irreparáveis e nada voltará a ser como dantes. Mas é preciso, pois é possível, travar ou pelo menos atenuar futuros desastres ambientais e adaptar a vida às novas condições climáticas. É este o grande desafio para o séc. XXI à escala global.