Mário Centeno, atual governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças, garante que não há problemas na reestruturação do Novo Banco e que esse processo estará terminado no fim deste ano.
“O programa de restruturação do Novo banco terminará no fim deste ano. Todos os compromissos - é publico pelos relatórios que a Comissão Europeia tem produzido e que o próprio Novo Banco tem dado conta - estão cumpridos e, portanto, não há problemas na reestruturação do Novo Banco”, afirmou Centeno, na apresentação do relatório de atividades do Banco de Portugal.
Mário Centeno não revela em que qualidade vai à comissão de inquérito sobre a gestão do Novo Banco na próxima semana, se como ex-ministro das Finanças se como governador do Banco de Portugal.
A audição está prevista para a próxima semana. Questionado esta quinta-feira pela Renascença, Centeno evitou responder às acusações da deputada centrista Cecília Meireles ao programa Hora da Verdade, da Renascença e jornal Público, de ter feito uma venda opaca daquele banco à Lone Star.
“Irei fazer no Parlamento a mesma coisa que tento fazer sempre que falo sobre qualquer tema que é tentar esclarecer as questões e as dúvidas que me colocam. E assim farei quando estiver no âmbito da comissão de inquérito”, respondeu o governador.
Durante a conferência de imprensa de apresentação do balanço e contas do Banco de Portugal relativo a 2020, Mário Centeno explicou aos jornalistas que não acredita que seja necessário recorrer à cláusula assinada no acordo com Bruxelas em 2017 e que permite ao Estado injetar até 1,6 mil milhões de euros no Novo Banco em caso de cenário muito adverso (um mecanismo chamado de “backstop”).
“Aquele ‘backstop’ tinha um propósito, esse propósito foi cumprido e a melhor expectativa quer temos hoje é que não vai ser utilizado e, portanto, vão ser gastos zero euros no âmbito daquele ‘backstop’”, garantiu o ex-ministro.
Centeno explica que aquele mecanismo de "capital backstop" só esteve previsto para dar credibilidade ao processo. “Este backstop, que esteve lá para transmitir credibilidade a todo o processo e evitar o desastre que seria a liquidação do Novo Banco depois de todo o esforço que tanto nos tem custado de interpretação e de explicações”, acrescentou na conferência de imprensa em que deu conta que os resultados do Banco Central foram muito positivos. Nas palavras do governador e até deram para distribuir dividendos de mais de 400 milhões de euros.