Parlamento Europeu ameaça vetar acordo do Brexit se May não cumprir promessa
27-07-2018 - 15:26

Primeira-ministra comprometeu-se em impedir o retorno a uma fronteira dura entre as duas Irlandas, mas está a ser acusada de voltar atrás com a palavra.

Um grupo de deputados do Parlamento Europeu informou esta sexta-feira em comunicado que pretende chumbar o acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia caso o Governo de Theresa May não respeite os seus compromissos quanto à fronteira irlandesa.

Para os eurodeputados de várias famílias políticas do PE responsáveis por acompanharem o processo do Brexit em Bruxelas, Theresa May não está a cumprir com a sua palavra depois de ter prometido ao chefe do Conselho Europeu, Donald Tusk, que ia evitar uma fronteira 'dura' entre a Irlanda e a Irlanda do Norte após a saída do bloco, promessa essa feita em dezembro e repetida em março deste ano.

"Como foi reconhecido pela primeira-ministra na sua carta ao Presidente [do Conselho Europeu, Donald] Tusk a 19 de março de 2018, é preciso evitar uma fronteira dura na ilha da Irlanda, proteger o Acordo de Sexta-Feira Santa e garantir a integridade do mercado único, da união aduaneira e das políticas comerciais comuns", declarou em comunicado o grupo de eurodeputados.

Se não for encontrada uma forma "credível, genuína e operacional" de manter uma fronteira suave entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, esta última parte integrante do Reino Unido, sem taxas alfandegárias acrescidas e sem impacto no referido acordo (um que veio pôr fim às lutas entre nacionalistas e unionistas sobre a questão da Irlanda do Norte - "será impossível para o Parlamento Europeu dar o seu consentimento para um acordo de saída", acrescentou o grupo.

Também esta sexta-feira, o ministro britânico Liam Fox, responsável pelas trocas comerciais do Reino Unido, defendeu que é melhor para o país não haver qualquer acordo de Brexit se a alternativa for prolongar as negociações com Bruxelas e com os restantes 27 Estados-membros da UE.

Para Fox, aceitar que as negociações se prolonguem para lá de 29 de março de 2019, quando se marcam os dois anos do pedido formal de abandono da UE, será uma "traição" aos eleitores que votaram pela saída, isto numa altura em que a maioria dos britânicos defende que o acordo final de saída seja levado a referendo.