A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) ofereceu na quinta-feira ao Papa um exemplar da nova tradução do Missal Romano em português, num encontro entre Francisco e D. José Cordeiro, arcebispo de Braga e presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade.
A nova edição vai entrar em vigor a partir de 14 de abril, quinta-feira da Semana Santa.
Em nota enviada à Agência ECCLESIA, a CEP refere que o Papa recebeu o exemplar “com muito apreço”.
Os bispos falam num “encontro extraordinário que durou meia hora e onde foram abordados assuntos como o Missal Romano, a Igreja em Portugal e a sinodalidade na Igreja”.
Na quarta-feira, responsáveis da CEP estiveram na Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (Santa Sé), onde entregaram dois exemplares da terceira edição do Missal Romano em português.
Os bispos católicos em Portugal aprovaram, em fevereiro, a Nota Pastoral ‘Celebrar e viver melhor a Eucaristia’, destacando que “esta edição para as celebrações da Missa em língua portuguesa deve ser considerada ‘típica’ para a Igreja peregrina em Portugal, oficial para o uso litúrgico, e poderá usar-se após a sua publicação”.
O Conselho Permanente da CEP destaca que a nova edição do Missal Romano integra o “nobre serviço das artes numa superior arte de celebração”, que é urgente cultivar e incentivar, e exemplificam com as novas gravuras, de um artista contemporâneo, que pretendem “abrir a oração da Igreja à beleza da contemplação”.
“Também por isso se inclui a música nos lugares próprios, onde o canto a reclama, para que na celebração - que deve ser modelar no dia do Senhor e nas festas da comunidade cristã - o canto seja mais a regra do que a exceção”, acrescenta o texto.
A CEP realça que o Missal “não é só um livro”, mas uma ‘coleção’ de livros que inclui, além do Antifonário, o Sacramentário, o Ordinário da Missa e os Lecionários, que na edição em língua portuguesa são oito livros.
Segundo a nota ‘Celebrar e viver melhor a Eucaristia’, a nova edição do Missal Romano, a terceira, introduz uma “mudança pequena”, mas muito significativa no “coração palpitante da Oração Eucarística”, a narração da instituição, onde o verbo ‘benedicere’ passa a ser traduzido por ‘bendizer’ em vez de ‘abençoar’.
A CEP assinala também o “retomar” da tradicional conclusão plena da Oração Coleta – ‘Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos’ – e para as restantes orações introduz-se a “cláusula mais breve, tornando-as mais fluentes”: ‘Por Cristo, nosso Senhor’.
De destacar também que a nova edição típica, de São João Paulo II, oferece “novos formulários” no Próprio do Tempo (vigílias da Epifania e da Ascensão), no Santoral (celebrações entretanto introduzidas no Calendário) e nas Missas para diversas necessidades e votivas, já no tempo da Quaresma, cada dia passa a dispor de uma “específica Oração sobre o Povo”, enquanto os formulários do Tempo Pascal “ganham variedade com novas orações tomadas dos antigos Sacramentários”.
Um novo prefácio dos santos mártires vai “enriquecer a ação de graças da Igreja”, no Ordinário da Missa dispõe de maior variedade nas saudações, no ato penitencial, no convite à oração sobre as oblatas, na introdução ao Pai nosso, nas fórmulas de despedida da assembleia no final da celebração.
Esta é a terceira edição do Missal Romano em língua portuguesa para Portugal, após 29 anos da segunda edição de 1992, e vai ser também oficial para Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste, depois dos procedimentos junto de cada Conferência Episcopal e dos organismos competentes da Sé Apostólica.