Uma mulher que cumpriu uma pena de 43 anos, nos Estados Unidos da América, por um homicídio que não cometeu foi libertada após a condenação a prisão perpétua ter sido anulada.
Segundo escreve a BBC, Sandra Hemme tinha 20 anos quando foi considerada culpada de esfaquear até a morte a funcionária da biblioteca Patricia Jeschke, de Saint Joseph, no Missouri, em novembro de 1980.
Agora com 64 anos, acredita-se que ela tenha cumprido a condenação injusta mais longa de uma mulher na história dos Estados Unidos, de acordo com os representantes de Sandra Hemme.
Os advogados do Innocence Project disseram estar gratos por Hemme finalmente se ter juntado à sua família e “continuarão a lutar” para limpar o nome dela.
Embora já não esteja detida, o caso ainda está a ser analisado. A decisão original de 118 páginas do juiz do Tribunal de Círculo Ryan Horsman que anulou a condenação ocorreu a 14 de junho.
Os advogados tinham provas claras da inocência da mulher condenada há mais de quatro décadas, incluindo provas que não foram fornecidas à equipa de defesa na altura do julgamento original.
“Este tribunal considera que a totalidade das provas suporta a conclusão de inocência real”, concluiu o juiz Horsman.
A nova decisão demonstra que a polícia local ignorou provas que apontavam diretamente para um dos seus agentes – Michael Holman – que mais tarde foi preso por outro crime e acabou por morrer em 2015.
O camião de Holman foi visto na zona do crime no dia do homicídio, e o álibi não pôde ser corroborado. Ele usou também o cartão de crédito de Patricia Jeschke depois de alegar que o tinha encontrado numa vala.
Havia ainda um par de brincos de ouro distintos identificados pelo pai da vítima encontrados na casa de Holman.
Nada disto foi divulgado à equipa de defesa de Hemme na altura.
Hemme foi interrogada, várias vezes, pela polícia sob o efeito de medicamentos antipsicóticos e de um poderoso sedativo, depois de ter sido internada involuntariamente num hospital psiquiátrico. Recebia tratamento psiquiátrico periódico desde os 12 anos.
As respostas que deu, na época, foram “monossilábicas” e “não estava totalmente consciente do que estava a acontecer”, mostraram os documentos judiciais. Por vezes, mal conseguia manter a cabeça direita e sentia dores devido a espasmos musculares – um efeito secundário dos medicamentos.
A revisão do juiz Horsman observou que nenhuma prova forense ligava Sandra ao homicídio.