A cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias de 9 de junho não tem dúvidas de que “o campo da extrema-direita na Europa é alimentado pela oligarquia de Vladimir Putin”. Catarina Martins diz que “as ligações são claras”.
As buscas no Parlamento Europeu marcaram o terceiro e mais quente dia da campanha, até agora. Em causa uma alegada interferência na instituição europeia do regime russo. Catarina Martins diz que nem é necessário conhecer os resultados das buscas.
“Ao longo do tempo tivemos vários momentos destes em que houve processos que revelaram as ligações e o financiamento da extrema-direita por Vladimir Putin”, disse a candidata do Bloco de Esquerda, que considera que “o maior perigo para a segurança da União Europeia é a extrema-direita, porque a extrema-direita é Vladimir Putin”, afirmou.
A candidata do Bloco de Esquerda começou o terceiro dia de campanha a bater o pé ao som do "Hino da Alegria", tocado pela banda de professores, alunos e auxiliares da escola E B 2,3 do Monte da Caparica. A visita à escola não chega ao acaso, mas sim por trabalhar a questão da inclusão.
No total, no agrupamento que tem a escola como sede estudam 300 alunos migrantes de mais de 20 nacionalidades, explica Sandra Vicente, diretora da escola: “Desde há dois anos começámos a receber mais paquistaneses, marroquinos, do Bangladesh, meia dúzia de ucranianos e russos”.
A diretora diz que, mais do que as aulas de Português Língua Não Materna, a cooperação entre os alunos é o que mais contribui para a inclusão dos alunos.
A inclusão dos alunos não se centra apenas nas crianças que chegam do estrangeiro, mas também dos alunos que sofrem com patologias, como autismo por exemplo. Para esses a escola criou uma sala sensorial. Com uma luz azul e um ambiente que faz lembrar o oceano de fundo toca uma versão do tema do filme “A pequena sereia”.
Depois de alguns minutos, Catarina Martins foi conhecer o projeto "Sementes" que consiste na construção de bancos decorados pelos alunos para os jardins da escola e que recebeu fundos do PRR através de uma colaboração com a autarquia local. A diretora da escola referiu, várias vezes, que tudo era possível devido aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência.
“Nós achamos isso boa ideia, queríamos era tornar isso uma coisa permanente para acontecer todos os anos”, referiu Catarina Martins.
Depois de ouvir queixas dos alunos sobre os computadores e as falhas de internet, a cabeça de lista do BE chamou à atenção da deputada Joana Mortágua para tomar nota dos problemas.
Apesar de ter dado autógrafos nos braços dos adolescentes, Catarina Martins visitou a escola para dar o exemplo aos outros partidos sobre a questão de inclusão e a abertura da Europa para todos. “Acho que era bom aprender com as crianças. Há quem faça tudo para dividir as pessoas e para fazer com que cresça o medo, insegurança e ódio usando argumentos falsos o que vemos é que numa escola com crianças tão diversas, com deficiência e diversas línguas .. as crianças sabem que são iguais”, sublinhou.
A atriz e candidata ao Parlamento Europeu
A história de Catarina Martins começou no teatro e a candidata ao Parlamento Europeu colocou o "pin" da cultura na agenda, com uma visita à companhia de teatro "O Bando", em Palmela. À chegada, recebeu um livro e um fronha para a almofada vermelha com a frase: "quem adormece em democracia, acorda em ditadura".
Catarina Martins visitou à companhia de teatro que vai ter em cena a peça "1001 noites. Irmã Palestina". A cabeça de lista do Bloco de Esquerda para as eleições de 9 de junho aproveitou o contexto para recordar que "mais três países europeus reconheceram a Palestina como Estado e que Portugal não reconheceu e deve reconhecer!".
Durante uma conversa numa espaço ao ar livre, acompanhada por uma limonada, Catarina Martins recordou ter feito uma formação com "O Bando", há 30 anos. A cultura é um tema caro à candidata do Bloco de Esquerda, que realça a importância de investimento da União Europeia em centros de cultura, defendendo que é fundamental "acreditar na Europa que investe na cultura".
Mais um cruzamento entre IL e BE
Não há dia desta campanha que passe sem recados da Iniciativa Liberal para o Bloco de Esquerda e vice-versa.
Depois de João Cotrim Figueiredo, candidato liberal às europeias, ter voltado a adjetivar o BE como um partido "sonso" sobre as posições que toma relativamente à Ucrânia, Catarina Martins voltou a associar o liberal aos Vistos gold e a táticas de extrema-direita.
"João Cotrim Figueiredo ficou aflito porque tentou ter posição muito clara sobre a Ucrânia e foi lembrado que enquanto presidente do Instituto do Turismo fez um programa de Vistos gold para turismo residencial dirigido à oligarquia russa e, portanto, a sua posição sobre a oligarquia de Vladimir Putin não foi sempre a mesma. Ficou atrapalhado e decidiu usar aos métodos da extrema-direita, que é mentir sobre as posições do Bloco de Esquerda", disse Catarina Martins.
A candidata do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu diz que há adjetivação que não vai utilizar durante a campanha e refere que no partido "sempre houve posição critica sobre oligarquia e regime de Putin", acrescentando que "se há partido com posição coerente é o Bloco de Esquerda".
Sobre as críticas de João Cotrim Figueiredo, a candidata do Bloco de Esquerda lembra que os dois partidos (IL e BE) têm perspetivas diferentes. "Temos visto que os liberais com grande facilidade têm encontros com extrema-direita e, como sabem, o Bloco de Esquerda tem posição diferente", concluiu Catarina Martins.