O início da Instrução do processo BES está adiado pelo menos por mais um mês. Em causa a situação de saúde de Ivo Rosa. Fonte judicial confirmou à Renascença que o juiz tem, pelo menos, mais um mês de recuperação, depois de há cerca de um mês ter sido submetido a uma intervenção cirúrgica ao coração.
A próxima sessão da abertura de Instrução do processo que vai julgar a derrocada do BES, e de que é principal arguido Ricardo Salgado, ficou agora marcada para 27 de Abril. Mas nada garante que Ivo Rosa possa presidir aos trabalhos.
Face ao risco de prescrição de alguns dos crimes de que estão acusados os principiais arguidos, poderá a instrução ser entregue ao substituto legal de Ivo Rosa, o juiz Jorge Melo, ou a outro magistrado judicial, proveniente da bolsa de juízes.
Depois de um primeiro adiamento no dia 21 de fevereiro, devido a problemas de saúde do juiz de instrução, a primeira sessão passou para 29 de março. Ivo Rosa efetuou, entretanto, uma cirurgia ao coração, tendo essa situação levado agora o tribunal a proferir um despacho a dar "sem efeito" as diligências que se realizariam terça, quarta e sexta-feira.
O processo conta com 30 arguidos - 23 pessoas e sete empresas -, acusados de um total de 361 crimes.
O mais mediático arguido deste caso é o antigo presidente do Grupo Espírito Santo (GES) Ricardo Salgado, acusado de 65 crimes, entre os quais associação criminosa (um), burla qualificada (29), corrupção ativa (12), branqueamento de capitais (sete), falsificação de documento (nove), infidelidade (cinco) e manipulação de mercado (dois).
Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro. Segundo o Ministério Público (MP), cuja acusação contabilizou cerca de quatro mil páginas, a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014, terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.
São ainda arguidos Morais Pires, José Manuel Espírito Santo, Isabel Almeida, Manuel F. Espírito Santo, Francisco Machado da Cruz, António Soares, Alexandre Cadosch, Michel Creton, Cláudia Boal Faria, Pedro Cohen Serra, Paulo Carrageta Ferreira, Pedro de Almeida e Costa, João Alexandre Silva, Nuno Escudeiro, Pedro Góis Pinto, João Martins Pereira, Paulo Nacif Jorge, Maria Beatriz Pascoa, Frederico Ferreira, Luís Miguel Neves, Rui Santos e Alexandre Monteiro.
As sete empresas acusadas são a Espírito Santo Internacional, Rioforte Investments, Eurofin Private Investment, Espírito Santo irmãos - Sociedade Gestora de Participações Sociais, ES Tourism Europe, Espírito Santo Resources Limited e ES Resources (Portugal), pelos crimes de burla qualificada, corrupção passiva, falsificação de documentos e branqueamento de capitais.
[notícia atualizada às 12h30]