A Câmara de Lisboa aprovou esta quarta-feira a atribuição de sete milhões de euros à Associação de Turismo de Lisboa (ATL) para a realização da próxima edição da conferência Web Summit, que se realiza entre 13 e 16 de novembro.
Em reunião privada do executivo camarário, a proposta para a realização da Web Summit 2023 na cidade de Lisboa foi aprovada com os votos a favor da liderança PSD/CDS-PP e do PS e os votos contra dos restantes eleitos, designadamente de PCP, BE, Livre e vereadores independentes eleitos pela coligação PS/Livre.
Na anterior edição do evento, em 2022, a atribuição de apoio financeiro por parte do município – nesse ano foi no valor de 6,3 milhões de euros - foi aprovada com igual votação por parte das forças políticas que compõem o executivo camarário.
Apresentada pelo vereador da Economia e Inovação, Diogo Moura (CDS-PP), a proposta determina a transferência para a ATL de 7.067.864 euros, para “assegurar a cedência, disponibilização dos espaços necessários à realização do evento e dos serviços de Wi-Fi/ICT”.
Na segunda-feira, a vereadora do BE, Beatriz Gomes Dias, pediu a retirada da proposta de financiamento municipal para a Web Summit, considerando que a sua aprovação “seria má gestão de dinheiros públicos”, mas esse pedido foi recusado e a iniciativa acabou por ser hoje viabilizada.
“Os pressupostos da proposta não estão cumpridos”, referiu o BE, numa nota divulgada na segunda-feira, salientando que no fim de semana “o presidente da Câmara Municipal de Lisboa não foi capaz de garantir que o evento se irá realizar e em que moldes”.
No sábado, o cofundador da Web Summit Paddy Cosgrave demitiu-se do cargo depois de várias empresas cancelarem a participação no evento, que decorre entre 13 e 16 de novembro na capital portuguesa, na sequência de afirmações que fez sobre o conflito que envolve Israel e a Palestina.
No dia seguinte, em declarações à comunicação social, o presidente da Câmara de Lisboa, o social-democrata Carlos Moedas, escusou-se a comentar a saída de Paddy Cosgrave e salientou que a Web Summit é um evento de tecnologia “importantíssimo para a cidade" e “não é um evento de política ou geopolítica".
Já hoje, Carlos Moedas reafirmou a ideia, insistindo que o evento não deve ser confundido com as opiniões do cofundador sobre o conflito Israel-Hamas.
“Nós estamos em contacto diário com o evento. Sabemos aquilo que foi o caso de um comentário feito sobre geopolítica, de alguém que tem responsabilidades, mas que não é a Web Summit”, afirmou o autarca social-democrata, assegurando que está “empenhado para que tudo corra bem”.
“Eu gostava muito e penso que é importante para Lisboa que o evento corra bem. Portanto, farei tudo para que isso aconteça. Como presidente da Câmara de Lisboa é o meu dever”, afirmou, em declarações aos jornalistas à margem da apresentação da 1.ª etapa da Volta a Espanha.
O executivo da Câmara de Lisboa é composto por 17 membros, dos quais sete eleitos da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) – que são os únicos com pelouros atribuídos –, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.
Ainda na segunda-feira, fonte oficial disse à Lusa que a Web Summit vai contar com "mais de 300 parceiros", alguns dos quais que estavam a ponderar a presença regressaram ao evento "e reverteram a sua decisão".
Depois da onda de críticas, Paddy Cosgrave pediu desculpas, o que não impediu que várias empresas cancelassem a sua participação na Web Summit.
Entre as empresas que anunciaram, na altura, o cancelamento, estavam a Amazon, Meta, Google, Intel, Siemens e investidores israelitas que já tinham anunciado antes que não participariam no evento.
Ainda de acordo com a organização, desde a manhã de segunda-feira que as equipas da Web Summit estão no local onde decorrerá o evento para montar e preparar o espaço.
Entretanto, a Web Summit vai nomear um novo CEO (presidente executivo), mas ainda não há data marcada para o anúncio.
Na terça-feira, em comunicado, o Ministério da Economia e do Mar garantiu que o Governo se mantém "empenhado" na realização da Web Summit, adiantado que contactos efetuados com diferentes parceiros do evento mostram haver condições para que este decorra com normalidade.
Até ao momento, as autoridades da Faixa de Gaza confirmaram a morte de mais de 6.500 palestinianos na sequência dos bombardeamentos israelitas após os ataques do Hamas de 07 de outubro.
Além disso, a Autoridade Palestiniana comunicou mais de uma centena de mortos na Cisjordânia.