O construtor automóvel Volkswagen tentou esconder os testes que envolveram macacos porque mostravam que as emissões dos veículos recentes eram "mais nocivas" do que as dos antigos, avança o jornal "Bild".
Os resultados destas experiências "nunca deviam ser tornados públicos" porque eram "chocantes", refere o jornal alemão, que publica documentos internos do laboratório norte-americano que os realizou.
"Enviámos o relatório final há vários meses e (os responsáveis da Volkswagen) contestaram-no porque não correspondia ao que esperavam", escrevia em Agosto de 2016 Jacob McDonald, do laboratório que foi mandatado pelo EUGT, organismo de investigação financiado pela Volkswagen, Daimler, BMW e pelo fabricante de equipamentos Bosch.
Os testes, revelados pelo jornal norte-americano "New York Times", tiveram lugar em 2015, indicou a Volkswagen à agência France Press. Os animais estavam fechados em gaiolas de vidro onde inalavam durante quatro horas os gases de escape de um Beetle (modelo de 2012) , sucessor do modelo Carocha da Volkswagen, e de uma carrinha Ford mais antiga (modelo de 1999).
Os testes deviam demonstrar que os novos motores "diesel" eram inócuos, mas pelo contrário, os animais que inalaram estes gases "apresentaram mais sinais inflamatórios do que os que respiraram o antigo", disse um perito ao "Bild".
Numa mensagem de correio electrónico, Jacob McDonald propôs não mencionar no relatório final os maus resultados obtidos pelos motores mais recentes e insistir na ausência de perigo da "tecnologia antiga".
O relatório foi enviado em Junho de 2017 ao EUGT, organismo que está em liquidação desde o escândalo "dieselgate" em 2015, e nunca foi publicado, indica o "Bild".
Apesar deste novo escândalo, a Volkswagen mantém a confiança na tecnologia dos motores a gasóleo. "Continuaremos (...) a investir nesta tecnologia e tentaremos reabilitar o 'diesel'", afirmou Matthias Müller, presidente do grupo, em declarações a um canal de televisão alemão.