O Prémio Camões 2022 foi esta segunda-feira atribuído ao escritor, poeta, ensaísta e professor brasileiro Silviano Santiago, de 86 anos, anunciou o Ministério da Cultura.
“Uma Literatura nos Trópicos”, “Em Liberdade” e “Mil Rosas Roubadas” são alguns dos livros mais conhecidos de Silviano Santiago.
Em declarações ao jornal brasileiro Estadão, jornal onde colaborou como colunista, Silviano Santiago afirma que este “prémio chega num momento difícil para o mundo e para o Brasil”.
“Não deixa de ser, para mim, em particular, um momento de alegria - um reconhecimento do meu longo trabalho em literatura", acrescentou.
Silviano Santiago nasceu em 1936, na localidade de Formiga, no estado de Minas Gerais.
O ensaísta brasileiro já recebeu numerosos prémios, destacando-se o Jabuti 2017, e o Prémio Oceanos em 2015, e o segundo lugar do Prémio Oceanos em 2017.
Silviano Santiago tem formação em Letras Neolatinas e é doutorado em Letras francesas pela Universidade de Sorbonne, em Paris, com tese sobre "Os Moedeiros Falsos", de André Gide.
Segundo o júri, “Silviano Santiago, além de escritor com uma obra literária com vários prémios nacionais e internacionais (Jabuti, Oceanos, etc.), é um pensador capaz de uma intervenção cívica e cultural de grande relevância, com um contributo notável para a projeção da língua portuguesa como língua do pensamento crítico, no Brasil e fora dele (nos países ibero-americanos, africanos, nos Estados Unidos e na Europa).”
Sobre o escritor distinguido, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, destaca o “perfil de intelectual interventivo, com uma visão ampla e abrangente sobre o que é a Cultura, materializada em reflexões sobre múltiplos domínios, desde Machado de Assis aos estudos culturais, Caetano Veloso e o tropicalismo”.
Para Pedro Adão e Silva, “o Prémio Camões, sendo um prémio de consagração, tem o mérito de estimular o interesse pela literatura em língua portuguesa, fomentar o reconhecimento mútuo e incentivar à leitura dos autores da lusofonia para além das fronteiras do país de origem do premiado”.
Segundo o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília, em 22 de junho de 1988, e publicado em novembro do mesmo ano, o prémio consagra anualmente “um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.
No ano passado, o Prémio Camões foi atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane, autora de "Balada de Amor ao Vento" e "Ventos do Apocalipse".
Foi atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga.
Em 2019, o prémio distinguiu o músico e escritor brasileiro Chico Buarque, autor de "Leite Derramado" e "Budapeste", entre outras obras; em 2020, o professor e ensaísta português Vítor Aguiar e Silva (1939-2022).
O Brasil lidera a lista de distinguidos com o Prémio Camões, com 14 premiados cada, seguindo-se Portugal, com 13 laureados, Moçambique, com três, Cabo Verde, com dois, mais um autor angolano e outro luso-angolano.
A história do galardão conta apenas com uma recusa, exatamente a do luso-angolano Luandino Vieira, em 2006.
[notícia atualizada às 22h49 com declarações de Silviano Santiago ao jornal Estadão]