As intenções do CDS na comissão de inquérito ao furto de Tancos "são claríssimas desde a primeira hora", garante Assunção Cristas, que vai chamar o primeiro-ministro a depor.
"São claríssimas desde a primeira hora, saber toda a verdade, utilizando a expressão do Presidente da República, ‘doa a quem doer’", disse a líder do partido, instada a comentar declarações do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, queem entrevista à Renascença e ao “Público” considerou que os objetivos do CDS "não são claros".
"Os objetivos do CDS, para mim, não são claros. O CDS não só pediu a demissão do ministro da Defesa como de um chefe militar, o chefe de Estado Maior do Exército. Isto não é coisa pequena", disse o secretário-geral comunista.
Para Jerónimo de Sousa, o "elemento crucial" da investigação criminal como da comissão parlamentar de inquérito que hoje toma posse no parlamento é "saber quem roubou as armas e para quê".
Assunção Cristas sustentou que "o CDS tem sido muito claro desde a primeira hora" quanto aos motivos do partido para propor a comissão de inquérito que, considerou, "foi aprovada a bom tempo".
O esclarecimento de "toda a verdade, tudo o que passou em Tancos e o hipotético encobrimento do furto" são as intenções do partido, reforçou, sublinhando que o CDS chamará "todas as pessoas relevantes e certamente o senhor primeiro-ministro".
"Porque nos parece que a informação ou já foi sendo dada por vários responsáveis políticos e governamentais não é toda ela consistente e condizente. E é obviamente importante ouvir o primeiro-ministro sobre a matéria", insistiu, acrescentando que, como é prerrogativa do primeiro-ministro, António Costa poderá responder por escrito.
A comissão parlamentar de inquérito ao furto de material militar em Tancos, caso que já ditou a demissão do ministro da Defesa e do chefe do Exército, vai hoje tomar posse.
Como habitualmente, será o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, a conferir posse aos deputados da comissão, que será presidida pelo socialista Filipe Neto Brandão, e tem um prazo de 180 dias para funcionar.
O objetivo, lê-se na resolução do CDS-PP aprovada no parlamento, é "identificar e avaliar os factos, os atos e as omissões" do Governo "relacionados direta ou indiretamente com o furto de armas em Tancos", de junho de 2017, data do furto, ao presente, e "apurar as responsabilidades políticas daí decorrentes".