O Ministério da Justiça não tem contabilizado o impacto da paragem do sistema Citius, que serve como base para o trabalho dos tribunais, durante seis horas e meia, que ocorreu esta terça-feira.
À Renascença, Pedro Ferrão Tavares, secretário de Estado da Justiça, sublinha apenas que a origem do problema foi externa.
“O que originou ontem problemas informáticos de comunicações que tivemos com os sistemas de justiça, nos tribunais e também nas outras áreas, esteve relacionado com a infraestrutura de um operador de comunicações, que, numa intervenção externa, provocou uma interrupção nas comunicações."
O governante salientou os esforços "tanto as equipas da justiça como das equipas do próprio operador para que a situação fosse brevemente resolvida". Segundo o mesmo, o problema foi resolvido durante a tarde e "as comunicações foram reestabelecidas”.
Pedro Ferrão Tavares acredita que nas próximas semanas seja recuperado todo o atraso provocado nos processos judiciais.
“Evidentemente teve algum impacto, que contamos que ao longo das próximas semanas possa ser ultrapassado. Sempre que existe um tipo de interrupção como esta, neste caso provocada por um fator externo, existirá impacto naquilo que é o trabalho dos tribunais”, frisou.
Por considerar necessário renovar uma plataforma com largos anos de existência, o secretário de estado fala nos investimentos previsto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Temos mais de 100 milhões de euros que estamos a investir na renovação dos sistemas", avançou.
"Posso dar nota de que, nesta altura, quase 18 milhões já estão na rua ou contratualizados para renovar os vários sistemas. Aquilo que eram antigamente os sistemas CITIUS e SITAF [Sistema de Informação de gestão dos Tribunais Administrativos e Fiscais] vão evoluir para uma plataforma, o e-Tribunal, para aquilo que é o desenvolvimento dos novos sistemas e também para aquisição de equipamentos”.
A rede atual é muito usada e, mesmo tendo sido alargada a banda larga, é natural, diz o secretário de estado, que surjam pontualmente problemas. Pedro Ferrão Tavares promete mudanças para o final deste ano. “Temos um sistema antigo que ainda é utilizado, em muitos casos, por muitos utilizadores. O CITIUS era a plataforma utilizada por todos os operadores do sistema”, recordou.
“O que nós estamos a fazer é o desenvolvimento de novas interfaces para, por exemplo, os magistrados, até ao final do ano, poderem migrar totalmente para a nova interface dos magistrados”.
“Queremos que os mandatários, já até ao final do ano, possam também iniciar esse processo. O problema era que tínhamos um sistema desenvolvido há 20 anos para todos esses operadores. Agora vamos ter sistemas pensados e feitos para cada um deles”, concluiu Pedro Ferrão Tavares.
As falhas do sistema CITIUS que perturbam o funcionamento dos tribunais têm sido recorrentes nos últimos anos.