As cadeias de fornecimento globais adaptaram-se muito rápido ao novo panorama criado pela pandemia da covid-19, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), que incentivou os países a não se fecharem e continuarem a confiar no comércio mundial.
O FMI refutou políticos e economistas que passaram os últimos meses a culpar a inflação extremamente alta no mundo por interrupções nas cadeias de fornecimento do comércio global, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Num relatório intitulado "Comércio mundial e cadeias de valor durante a pandemia", a organização financeira internacional recordou as previsões que apontavam para os fortes choques na oferta e na procura desencadeados pela covid-19, "afundando drasticamente" o comércio.
No entanto, os efeitos "não duraram muito", indicou, adiantando que as cadeias de fornecimento globais são resistentes e que a complexa rede comercial atual tem mais força para enfrentar esse tipo de choque do que os anteriores modelos, quando cada economia dependia mais de si mesma.
Com esta afirmação, o FMI contesta a tese de políticos e economistas de todo o mundo que passaram meses a culpar a altíssima inflação em grande parte do planeta pelas interrupções no comércio global.
De acordo com essa versão -- defendida há meses, por exemplo, pela Administração Biden --, os problemas na cadeia de fornecimento devido à covid-19 geraram escassez de produtos, que é o que está a contribuir fundamentalmente para o aumento dos preços -- até ao início do conflito russo-ucraniano.
Nas últimas semanas, alguns fenómenos que dificultaram o funcionamento normal dessas cadeias -- como os congestionamentos nos portos de carga norte-americanos -- começaram a diminuir, embora não se tenha verificado numa queda de preços, mas a inflação continua descontrolada nos Estados Unidos, América Latina e Europa.
FMI defende mais diversidade nas trocas comerciais
Por outro lado, o FMI acredita que os países devem diversificar as suas relações comerciais para que em momentos de crise, como os atuais, não haja dependência de um único mercado.
O FMI reconhece que a compra e venda internacional de bens caiu acentuadamente no segundo trimestre de 2020, mas referiu que recuperou para os níveis pré-pandemia nesse mesmo ano.
De acordo com o FMI, os países asiáticos, que foram os primeiros a serem afetados pela covid-19, mas também os primeiros a contê-la, aumentaram a sua participação nas importações para a Europa em 4,6 pontos percentuais e para a América do Norte em 2,3 pontos percentuais.
Os autores do relatório apontam ainda que os atuais confinamentos na China (em cidades como Xangai) são um lembrete de que as restrições à covid-19 continuam a ter impacto além do país afetado e que, portanto, é do interesse da população mundial alargar a vacinação.
"Garantir o acesso equitativo a vacinas e tratamentos contra a covid-19 deve continuar a ser a primeira prioridade", acrescentou. .