O padre Mário Rui Pedras, um dos quatro sacerdotes que o Patriarcado de Lisboa suspendeu do exercício do ministério face a acusações de alegados abusos sexuais de menores, vai voltar a celebrar missa publicamente no próximo domingo, dia 18 de junho.
O seu nome era um dos que constava da lista entregue, em março, pela Comissão Independente ao Patriarcado de Lisboa. Mário Rui Pedras é pároco de São Nicolau e de Santa Maria Madalena, em Lisboa.
Numa carta dirigida aos paroquianos, a que a Renascença teve acesso, o sacerdote afirma que a investigação prévia terminou a 12 de junho e adianta que, “dada a inverosimilhança da denúncia”, o instrutor do processo “propôs ao Bispo que fosse levantado o ‘afastamento preventivo’” -- uma “medida justa que ontem, dia 14 de junho, foi aplicada pelo Patriarca de Lisboa”, escreve.
"Sofri uma gravíssima injustiça", afirma o clérigo. E assegura: "Compreenderão, certamente, que não me resigne perante esta enormidade e tente encontrar vias legais de reparação."
"Dar ressonância à calúnia"
No mesmo texto, Mário Rui Pedras tece duras críticas à Comissão Independente, dizendo que o grupo liderado por Pedro Strecht “recebeu e transmitiu a denúncia, fazendo de mera caixa de correio e dando ressonância à calúnia”.
“Lavou as mãos como Pilatos, e integrou esta denúncia soez na listagem dos eventos que anunciou, de forma estridente e sensacionalista”, diz, adiantando que "algumas intervenções públicas de membros da comissão condicionaram os passos seguintes do processo".
Nessa sequência, o sacerdote refere ainda que “a comissão diocesana cedeu à fortíssima pressão mediática”, sem ter “a ponderação exigida diante de uma denúncia anónima, difamatória e sem verosimilhança”.
"Recomendou o meu afastamento do exercício público do ministério, insensível às consequências que daí derivariam inevitavelmente para mim."
Mário Rui Pedras questiona ainda "o que teria ocorrido se o caluniador tivesse visado mais 20, 30, 50 ou 100 sacerdotes, ou um ou mais bispos".
"Seriam todos afastados do ministério? Como poderia ser logrado este resultado apenas por alguns minutos de escrita anónima? Trata-se de um cenário assustador. Como pode gente decente ficar á mercê destas condutas?"
Em março, quando foi afastado preventivamente do ministério, o clérigo também escreveu aos paroquianos. Nessa altura, afirmou ser alvo de uma "abjeta e monstruosa difamação", dizendo que as imputações referentes a abusos ocorridos na década de 90, num colégio da periferia de Lisboa eram "totalmente falsas”.
Contactado pela Renascença, o Patriarcado de Lisboa não quis adiantar mais detalhes sobre o caso.
[atualizado às 15h07]