Kyle Rittenhouse, o adolescente que enfrentava prisão perpétua por ter matado duas pessoas com uma metralhadora semiautomática numa manifestação contra o racismo nos Estados Unidos em 2020, foi ilibado de todas as acusações de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e conduta imprudente.
O júri, composto por 12 pessoas, emitiu este veredito após três dias e meio de deliberação à porta-fechada, depois de Rittenhouse ter alegado legítima defesa no caso do tiroteio que esteve no centro de um debate nacional sobre a posse de armas, a existência de vigilantes que fazem justiça por mãos próprias e a injustiça racial nos Estados Unidos.
Rittenhouse, de 18 anos, poderia ter sido condenado a prisão perpétua, pena pedida pela acusação, se considerado culpado da mais grave acusação de que era alvo: homicídio qualificado.
Era ainda acusado de homicídio, tentativa de homicídio e de colocar em risco a segurança pública, por matar dois homens e ferir um terceiro com uma arma semiautomática, durante uma noite de protestos antirraciais no tumultuoso verão de 2020.
O adolescente ilibado é branco, como eram também brancos os homens que matou e feriu. O júri era também maioritariamente branco.
Entretanto, o Presidente norte-americano, Joe Biden, apelou hoje à “calma” e contra a “violência e a destruição de propriedade”, após a absolvição de um adolescente que matou dois homens em 2020 durante protestos contra a violência policial contra negros.
“A decisão deixou muitos norte-americanos com raiva e preocupação, inclusive eu”, salientou o democrata em comunicado.
“Fiz a promessa de unir os norte-americanos, porque acredito que o que nos une é muito maior do que o que nos divide. Sei que não vamos curar as feridas do nosso país da noite para o dia, mas continuo firme no meu compromisso de fazer tudo o que estiver ao meu alcance para garantir que todos os norte-americanos sejam tratados com igualdade, com justiça e dignidade, de acordo com a lei”, pode ler-se.
Joe Biden apelou, no entanto, para que “todos expressem as suas opiniões pacificamente e com respeito pela lei”.
“A violência e a destruição de propriedade não têm lugar na nossa democracia. A Casa Branca e as autoridades federais estiveram em contacto com o gabinete do governador [Tony] Evers [do Estado do Wisconsin] para se antecipar para qualquer consequência” neste julgamento, salientou.
O chefe de Estado destacou também que falou com o governador na tarde de sexta-feira e ofereceu “apoio e qualquer assistência necessária para garantir a segurança pública”.