O Climáximo denunciou este domingo terem sido detidos sem “justificação legal” 12 ativistas daquele movimento pelo clima que estavam reunidos perto da partida da maratona EDP, contrapondo a PSP que foram “identificados e constituídos arguidos” porque preparavam “uma ação ilícita”.
“Esta manhã, num local público próximo da partida da maratona EDP, em Cascais, 10 agentes à paisana, vestidos com o equipamento oficial da corrida, detiveram 12 apoiantes do Climáximo que estavam reunidos a conversar, levando-os para a Divisão Policial de Cascais, onde tiveram de permanecer duas horas”, avança o movimento em comunicado.
À Renascença, Maria Mesquita, uma das ativistas detidas, explica que os 12 elementos do grupo estiveram cinco horas detidos, tendo sido constituídos arguidos antes de serem libertados.
"Estávamos reunidas na maratona organizada pela EDP - que, é relevante lembrar, que é uma das empresas responsáveis pelo genocídio que estamos a viver neste momento - não estávamos a cometer qualquer crime, somos abordadas por polícias à paisana que nos pedem que nos identifiquemos, revistam-nos e posteriormente levam-nos para a esquadra."
A ativista garante que "em nenhum momento [os agentes] se identificaram, nenhum deles, em nenhum momento foram capazes de nos dar uma base legal para esta detenção, que eles dizem que não foi uma detenção".
Já no momento da saída, os ativistas foram informados que iam ser constituídos arguidos. Questionada sobre o fundamento dos autos de constituição de arguidos, Maria Mesquita diz que a polícia lhes comunicou que estão acusados do crime de desobediência qualificada, "sendo que, em nenhum momento, desobedecemos a qualquer ordem".
Contactada pela agência Lusa, fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP confirmou que, perto do hipódromo de Cascais, “foram intercetados vários ativistas” do Climáximo que, “com tarjas e com tinta”, se “preparavam para executar uma ação ilícita”, pelo que “foram todos identificados e constituídos arguidos”.
Em comunicado, o Climáximo diz desconhecer os motivos da “detenção” e refere que os ativistas foram levados pela polícia “sem ter sido dada justificação legal”, considerando tratar-se de um “ataque à liberdade e democracia”.
Citada no comunicado divulgado pelo Climáximo, Maria Mesquita, ativista no local, diz que o grupo estava sentado perto do local da maratona da EDP, “como tantas outras pessoas”, quando foi abordado por 10 polícias à paisana, que os “identificaram e trouxeram ilegalmente para a divisão policial de Cascais”, sem “nunca identificarem qualquer base legal para a detenção”.
“É nisto que a EDP e o Governo escolhem gastar os seus recursos e os recursos do Estado, em vez de garantir a requalificação das centenas de trabalhadores que foram despedidos quando fecharam a central termoelétrica de Sines, em vez de desmantelar e garantir a transição justa para as centrais fósseis ainda em funcionamento em Portugal e em vez de se garantir que cumprimos os limites definidos pelas Nações Unidas, que garantem a segurança e os direitos das pessoas face a esta guerra declarada pela indústria fóssil e pelos governos”, argumenta.
Também citado no comunicado, o ativista do Climáximo Hugo Fonseca avança que o “hoje iria realizar-se uma manifestação pacífica de denúncia aos crimes da EDP, que não aconteceu", sustentando que "foi retirado a estas pessoas o direito democrático à associação, livre circulação e protesto".
[atualizado às 13h09]