O secretário-geral do PCP afirmou esta quarta-feira que não tem "nenhuma ilusão" sobre as medidas que constam do programa do Governo, argumentando que a política do novo executivo PSD/CDS-PP vai agravar problemas.
"Basta ler o programa da Aliança Democrática [coligação PSD, CDS-PP e PPM] para perceber o que aí vem. A política que o Governo quer levar adiante, que é em tudo sustentada quer pelo Chega, quer pela IL, não vai resolver nenhum dos problemas, pelo contrário vai agravá-los e acentuá-los", considerou Paulo Raimundo.
O dirigente comunista falava aos jornalistas à margem de uma manifestação de trabalhadores da EDP, junto à sede da empresa, em Lisboa, e foi questionado sobre o Programa de Governo entregue hoje.
Apesar de ainda não o ter lido, Paulo Raimundo rejeitou "ilusões" sobre o conteúdo, sublinhando que o partido mantém a intenção de avançar com uma moção de rejeição ao documento.
"Nós não temos nenhuma dúvida, não temos nenhuma ilusão, independentemente da forma criativa com que se possa vir a escrever esta ou aquela palavra, esta ou aquela proposta, esta ou aquela medida pontual", defendeu.
Paulo Raimundo manifestou-se contra o facto de estar a decorrer uma assembleia de acionistas na EDP com o objetivo de "distribuir 815 milhões de euros, fruto de 1.300 milhões de euros de lucros", tendo sido proposto aos trabalhadores aumentos de 3%.
"Isto é uma afronta aos trabalhadores que garantem o funcionamento desta empresa. E este é um exemplo do que se passa no nosso país, em grande parte das grandes empresas, e portanto não poderíamos estar noutro lado que não fosse aqui hoje", afirmou.
O secretário-geral comunista insurgiu-se contra a "brutal injustiça e desigualdade" do país.
Cerca de meio milhar de trabalhadores da EDP marcharam hoje da Praça do Comércio, em Lisboa, até à sede da empresa, numa manifestação ruidosa na defesa de melhores salários.