Do Médio Oriente chegam mensagens mistas e contraditórias em relação ao conflito entre o Irão e os Estados Unidos.
Alguns líderes militares iranianos fizeram questão de dizer que os ataques de quarta-feira a duas bases no Iraque onde se encontravam militares americanos foram apenas o início de uma grande vingança.
O líder da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária, Amirali Hajizadeh, disse que ainda faltava a “vingança apropriada” pela morte do general Qassem Soleimani seria a expulsão completa dos americanos do Médio Oriente e garantiu que o seu país tem centenas de mísseis prontos a disparar contra alvos dos Estados Unidos.
Hajizadeh afirmou ainda que Teerão tinha usado “ciberataques para desativar os sistemas de navegação dos aviões e drones americanos” quando lançou o seu ataque.
Outro líder dos Guardas Revolucionários, Abdikkag Araghi, prometeu uma “vingança mais dura em breve” e o sucessor de Soleimani, o general Esmail Ghaani, garantiu que vai seguir as pegadas do general assassinado pelos Estados Unidos, que ao longo das últimas décadas criou uma zona de influência iraniana em vários países do Médio Oriente, incluindo o Líbano, Iraque, Síria e Iémen.
O ataque de quarta-feira não fez mortos nem feridos nas bases atingidas e esse facto está a ser interpretado como uma mostra de força que ajuda o Irão a salvar a face depois do assassinato de Soleimani e de apaziguar os elementos que pediram vingança, mas sem forçar a mão de Trump para retaliar.
A administração americana parece ter compreendido a mensagem e no seu discurso de reação Trump adotou um tom mais apaziguador, dizendo que o Irão parecia estar a dar sinais de descalada, o que é bom para o mundo.
Essa interpretação está a ser confirmada no terreno por elementos chave da comunidade xiita fora do Irão. Um dos principais líderes xiitas do Iraque, Moqtada al-Sadr, que exerce uma enorme influência entre a maioria da população daquele país, disse que a crise já acabou e pediu às fações iraquianas “para serem deliberadas, pacientes e não iniciarem ações militares”.
Já a milícia Kataib Hezbollah, que perdeu o seu líder no mesmo ataque que matou Soleimani, pediu que se evitem reações “apaixonadas”, embora defendendo que isso seja favorável ao objetivo fundamental de expulsar as forças americanas.
Por enquanto, e não obstante algumas vociferações de líderes militares iranianos, que parecem ser mais para consumo interno, o espetro da guerra aberta entre Irão e Estados Unidos parece estar afastado.