A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defende uma “fiscalização ativa” dos casos de exploração laboral que envolvem migrantes e anunciou, esta segunda-feira, em Odemira, que vai propor que se melhore a Lei de 2016, de modo a que seja possível responsabilizar todos os que estão a lucrar com o trabalho forçado, fechando os olhos à violação sistemática dos direitos humanos.
“O que nós queremos é que, quando a situação do trabalho forçado e de ataque aos direitos humanos é detetado nestas explorações, que responda não só a empresa que trouxe os trabalhadores, mas toda a cadeia: a exploração agrícola, os proprietários das terras", declarou a líder bloquista.
"Muitas vezes, as empresas que trazem os trabalhadores são empresas daquelas criadas na hora, que se vão embora num minuto e, depois, não há empresa para condenar ou responsabilizar. Nós queremos que os administradores, os diretores e toda a cadeia que lucra com a exploração de mão-de-obra, trabalho forçado e ataque aos direitos humanos seja toda ela responsabilizada, porque esta é a única forma de combater o que está a acontecer", argumentou.
"Sejamos sérios: há muita gente a ganhar dinheiro para fechar os olhos ao que é feito sobre trabalho forçado em Portugal e ataque aos direitos humanos”, reforçou Martins.
Noutro plano, a coordenadora do BE disse não pretender "alinhar" com a direita no pedido de demissão de Eduardo Cabrita, embora reconheça que o ministro “não esteve bem” no caso de Odemira.
“Seguramente, o ministro da Administração Interna não esteve bem neste processo, como não esteve noutros anteriores. Mas à direita é sempre preferível desviar as atenções do problema do poder económico e de quem anda a lucrar milhões com estes abusos, milhões com o trabalho forçado e os atentados aos direitos humanos. O Bloco de Esquerda não deixará de contestar as ações do ministro, mas não deixará de pôr o dedo na ferida: há muita gente a ganhar muito dinheiro com este abuso, com o recurso ao trabalho forçado, com o abuso de direitos humanos, e é preciso, sim, que em Portugal não fiquem impunes, e parar este abuso permanente."