A Comissão de Trabalhadores da Galp está indignada pela mudança de atitude do primeiro-ministro só ter chegado depois do encerramento da refinaria de Matosinhos. Aquela estrutura espera que António Costa mantenha a “gana e garra” na defesa dos trabalhadores depois das eleições autárquicas.
Em declarações à Renascença, Hélder Guerreiro espera que António Costa cumpra agora a palavra e os trabalhadores sejam readmitidos.
“Verificando agora esta mudança na atitude do senhor primeiro-ministro, se por um lado há alguma indignação por essas declarações serem proferidas apenas depois do encerramento da refinaria e do despedimento dos trabalhadores, também podemos dizer mais vale tarde do que nunca.”
Para a Comissão de Trabalhadores da Galp, é importante que a partir de agora o primeiro-ministro “concretize o que disse ontem, que faça diligências no sentido de reabrir a refinaria e readmitir os trabalhadores despedidos”.
Apesar das várias tentativas de trabalhadores e sindicatos, o primeiro-ministro nunca respondeu aos apelos contra o encerramento desde que foi anunciado.
A Comissão de Trabalhadores foi surpreendida, no último domingo, com as críticas de António Costa à insensibilidade e à asneira da Galp no processo de encerramento da refinaria, até pelo momento escolhido, na véspera de Natal.
No entanto, Hélder Guerreiro lembra que o primeiro a dar a notícia foi o próprio Governo, ainda mesmo antes da Galp.
“A Comissão de Trabalhadores e outras organizações sindicais têm tentado contactar o senhor primeiro-ministro há mais de oito meses. Nós, por várias vezes, tentámos contactá-lo, pedir audiências, temos enviado cartas. Diretamente ao senhor primeiro-ministro e também para o Ministério do Ambiente, e algumas vezes para o Ministério do Trabalho, mas o que nós temos obtido da parte do senhor primeiro-ministro é o silêncio, o que de alguma forma demonstrou que o senhor primeiro-ministro concordava com tudo o que se estava a passar na refinaria, corroborada pelo ministro da Transição Energética, que foi ele o primeiro a anunciar o encerramento da refinaria, antes da Galp.”
Os trabalhadores esperam, agora, que António Costa cumpra a palavra e apresente garantias de que os trabalhadores serão readmitidos, mesmo após as eleições. Preferem não fazer associações com a campanha.
“Nós só podemos sublinhar o tempo em que foram proferidas as declarações: em vésperas de umas eleições autárquicas em Matosinhos, mas não podemos dizer mais nada”, sublinha Hélder Guerreiro.
“O que nós queremos é que o senhor primeiro-ministro venha a terreiro com aquela gana e garra que manifestou ontem em Matosinhos para defender a refinaria do Porto”, apela o porta-voz da Comissão de Trabalhadores, que compara o encerramento da infraestrutura a um “crime económico e social”.
O secretário-geral do PS, António Costa, disse no domingo que "era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade" como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma "lição exemplar" à empresa.
Falando em Matosinhos, num comício de apoio à presidente do município e candidata a um novo mandato, Luísa Salgueiro, António Costa deixou críticas ao encerramento da refinaria no concelho, no distrito do Porto, na sequência da decisão da Galp de concentrar as operações em Sines.
"Era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade, tanta irresponsabilidade, tanta falta de solidariedade como aquela que a Galp deu provas aqui em Matosinhos", apontou.