O mundo de Putin: Nobel para Blatter, o "extravagante" Trump e lambidelas
17-12-2015 - 17:24

O homem mais poderoso da Rússia disse o que pensa do país e do mundo no tradicional encontro anual com a comunicação social.

Um Nobel para Blatter, uma espécie de elogio a Donald Trump e linguagem de caserna para atacar a Turquia. Estes foram alguns dos momentos altos do encontro anual do Presidente russo, Vladimir Putin.

O homem mais poderoso da Rússia respondeu esta quinta-feira às perguntas da comunicação social sobre os mais variadíssimos temas relacionados com a actualidade nacional e internacional. Cerca de 1.400 jornalistas compareceram na aguardada conferência de imprensa, que decorreu num centro de convenções de Moscovo.

Putin foi questionado sobre o escândalo de corrupção na FIFA, numa altura em que a Rússia se prepara para receber o Mundial de Futebol em 2018.

Saiu em defesa do presidente da FIFA, Joseph Blatter, que está suspenso por suspeitas de corrupção, e atacou o que disse ser a interferência dos Estados Unidos no caso.

“Se há sinais de corrupção na FIFA, a investigação vai ter que provar isso. Quanto a Joseph Blatter, é uma pessoa muito respeitada, fez muito pelo desenvolvimento do futebol em todo o mundo”, começou por assinalar

“Ele tentou sempre tratar o futebol não como um desporto, mas como um elemento de cooperação entre os países e os povos. Ele é que devia ser galardoado com o Prémio Nobel da Paz”, defendeu.

O extravagante Trump e linguagem de caserna

Os temas relacionados com política internacional marcaram grande parte do encontro anual do Presidente da Rússia com os jornalistas.

Questionado sobre o caso do abate de um caça russo pelas forças armadas da Turquia, na fronteira com o Iraque, Putin recorreu a uma linguagem pouco habitual nas lides presidenciais para comentar o incidente diplomático.

“Se alguém na liderança da Turquia decidiu lamber os americanos num lugar em particular, eu não sei se eles agiram correctamente ou não, não sei se os americanos precisavam disso”, atirou.

A ferida está aberta e o antigo agente do KGB que chegou a chefe de Estado não vê qualquer possibilidade de uma reaproximação com a Turquia, nos próximos tempos.

Vladimir Putin também disse o que pensa sobre o Donald Trump, o polémico candidato a candidato do Partido Republicano às eleições presidenciais norte-americanas, que quer proibir os muçulmanos de entrar nos Estados Unidos e acusou os imigrantes mexicanos de serem ladrões e violadores.

“Sem dúvida que é um homem muito extravagante, com muito talento. Ele é, actualmente, um líder absoluto na corrida presidencial. Ele diz que pretende evoluir para outro nível de relações, para relações mais profundas com a Rússia. Como não podemos dar as boas-vindas a isso? É claro que damos as boas-vindas”, disse o Presidente russo.

Ainda sobre as eleições do próximo ano nos Estados Unidos, Putin diz que está disponível para trabalhar com qualquer Presidente em que os americanos escolherem.