“Converter o coração ao Deus da paz e da misericórdia” é o tema da mensagem do bispo da Diocese de Vila Real para a Quaresma.
D. António Augusto Azevedo começa por esclarecer que este “é um tempo forte de preparação para a celebração da Páscoa, o acontecimento supremo da nossa salvação”, desafiando os cristãos a deixarem “ecoar no fundo do coração a Palavra de Deus que apela à conversão”.
“Ousemos dar lugar à ação do Espírito Santo que abre sempre horizontes de novidade e nos fortalece para não deixarmos vencer pelo desânimo ou pelo cansaço”, pede o prelado, acrescentando que “não nos podemos contentar com vidas cristãs meramente rotineiras, medíocres e estéreis”.
“Este é o tempo de cuidar da ‘planta frágil’ que é cada pessoa e criar as condições para dar mais fruto”, elucida o bispo de Vila Real, considerando também “imperiosa uma conversão da Igreja, de cada comunidade e instituição”.
Recordando que decorre neste momento na diocese a etapa da preparação do Sínodo, D. António Augusto apresenta-a como “uma grande oportunidade de encontro, oração, escuta e diálogo”.
“Esta experiência proposta a todos potencia o crescimento de uma sinodalidade concreta e pode ser geradora de uma Igreja de estilo mais evangélico e fraterno”, indica o responsável diocesano, acrescentando que o percurso sinodal “favorece a transfiguração do rosto da Igreja, deixando de ser menos fechada e clerical e passando a ser mais aberta e participada, com uma presença mais efetiva dos leigos, nomeadamente dos jovens, das mulheres e das famílias”.
Segundo D. António Augusto Azevedo, também a humanidade carece de uma profunda mudança em tantos aspetos da sua vida.
“É urgente, antes de mais, uma conversão à paz, superando a lógica da força e dos interesses e reconhecendo os direitos do outro, da sua dignidade e liberdade”, destaca.
Um olhar diferente aos mais frágeis
O bispo de Vila Real aponta ainda a necessidade de uma conversão do olhar “para estarmos mais atentos aos que vivem na solidão ou são descartados; a conversão do ouvido, para sabermos escutar os pobres e os que sofrem, os que estão presos nos seus medos e silêncios; a conversão dos corações para que se abram à bondade, à justiça e à solidariedade”.
“Um sinal expressivo do processo de conversão é o sacramento da reconciliação”, esclarece, acrescentando que “para nos dispormos a esse reencontro é indispensável estar mais concentrados no aprofundar da consciência que leva a reconhecer o nosso pecado e menos empenhados em atirar pedras a quem falhou”.
D. António Augusto Azevedo lembra ainda que a Quaresma é tempo propício à oração mais assídua, à procura de momentos de silêncio, de espaços de leitura e meditação da Palavra de Deus, à busca de formas efetivas de jejum, de partilha e esmola”.
Neste contexto, o prelado anuncia que o contributo penitencial da diocese é destinado, este ano, à Igreja de São Tomé e Príncipe e às suas necessidades pastorais e sociais.
Estando a Diocese de Vila Real a celebrar o centenário da sua criação, o bispo pede que o itinerário quaresmal seja de “um verdadeiro crescimento na fé, preservando a fidelidade às nossas raízes”.
“Para isso, permaneçamos unidos a Cristo e reforcemos os laços que nos ligam aos irmãos”, pede o prelado.
Por fim, D. António Augusto Azevedo exorta os diocesanos de Vila Real a aderirem ao convite do Papa Francisco para que o dia 2 de março seja um Dia de Jejum e Oração pela paz.